II. Introdução (1:1-8)

 

CAPÍTULO II

INTRODUÇÃO

Da prisão o apóstolo Paulo escreveu esta carta, uma das suas últimas. Na introdução (1:1-8) a epístola segue muito seu costume geral de primeiro nomear-se, em seguida a um cooperador, e depois a igreja que deverá receber a mensagem. Depois, como na carta aos Coríntios, Paulo louva-os pelo que de bom foi encontrado no seu meio, antes de abrir ataque contra a heresia que estava sendo ensinada a eles.

Capítulo I, versículo 1. PAULO estava próximo do fim do seu serviço por Cristo. Cerca de 29 anos tinham se passado desde sua conversão. Dos seus sessenta e tantos anos, menos da metade passou-os como cristão. Ele não começou o que conhecemos do seu trabalho, senão depois de completar 40 anos. Agora ele é um prisioneiro em Roma (4:3), apenas 15 anos depois do início da sua primeira viagem missionária. E desses poucos anos três tinham sido passados na prisão.1 Que notável ministério para ser acumulado no curto espaço de 12 anos!

A palavra APÓSTOLO literalmente significa missionário, isto é, alguém mandado com uma mensagem.2 Paulo foi chamado por Deus para ser um apóstolo (I Cor. 1:1; Atos 9:15,16) aos gentios, para ser um emissário de Deus levando as Boas Novas àqueles que estavam fora do concerto divino (1:21). POR VONTADE DE DEUS. Paulo não se chamou a si mesmo (Gál. 1:1; I Cor. 1:1). A necessidade de pregar o Evangelho foi posta sobre ele.(I Cor. 9:16-18). Deus tem igualmente um plana para vós e para mim. Não resistamos à sua vontade. Todos somos chamados a glorificar a Deus e a ganhar os perdidos para Ele (I Cor. 10:31; João 15:16).

Não somente um apóstolo, mas um Apóstolo DE JESUS CR1STO! Todos nós temos um tópico de especial predileção, tal coma missões vida na plenitude do Espírito espécies de batismo, dispensações, segunda vinda -- tópico esse ao qual continuamente retornamos. Todos eles têm seu valor e o seu lugar, mas nenhum deles, deve ocupar a posição central em nossos pensamentos e pregações. Cristo Jesus era o ponto ao redor do qual Paulo construiu sua vida, sua pregação e sua teologia. Ao mesma tempo em que ele foi cuidadoso em proclamar "todo o conselho de Deus" (Atos 20:27), ele assim o fez relacionando tudo com nosso precioso Senhor. Para Paulo, "em Cristo" era a base de sua pregação, tanto para crentes coma para incrédulos (2:10; I Cor. 2:2).

A frase "apóstoplo de Jesus Cristo" pode igualmente significar alguém "que pertença" ou alguém "que proclama" Cristo Jesus. O primeiro faria-nos entender que havia apóstolos que não pertenciam a nossa Senhor. Isto era verdade, mas aqui a ênfase de Paulo é melhor campreendida coma "aquele que proclama Cristo; pois ele escreve esta carta "para combater o ensino daqueles que proclamavam "outros seres" como sendo superiores ao Filho Unigênito de Deus. Todos nós deveriamos obedecer, como fez Paulo, à última ordem de nosso Senhor, "E sereis minhas testemunhas" (Atos 1:8).

E O IRMÃO TIMÓTEO. Nas 13 cartas existentes de Paulo, ele por 7 vezes inclui como co-autor o nome de um colaborador, quase sempre Timóteo. Paulo tinha especial confiança nele (I Cor. 16:10) e pôs pesada responsabilidade sobre seus ombros (I Tim. 1:3). Ainda assim a carta é basicamente de Paulo. O plural é mantido somente até 1:9. Dali em diante ele fala na primeira. pessoa singular. As exceções (1:28; 4:3) são apenas aparentes.

Versiculo 2. Esta carta foi endereçada aos crentes em Colossos, uma cidade que era dividida pelo Rio Licus. Colossos achava-se retirada da costa cerca de 224 kilômetros e a maioria do seu comércio era feito atravéz de Éfeso e Mileto (vide mapa). Foi também através de habitantes de Éfeso que o Evangelho chegou aos colossenses. A igreja era basicamente gentílica na sua composição (1:21,2:11). "Sem dúvida Colossos foi a menos importante das igrejas às quais qualquer epistola de Paulo foi dirigida."3 Contudo a carta é uma das suas mais importantes!

Paulo chama as irmãos em Colossos de SANTOS porque eles na verdade o eram. Ele não estava se referinda meramente a um grupo seleto dentro da igreja; nem tão pouco a uns ídolos, representantes de pessoas mortas. Quando esta carta foi escrita a igreja cristã tinha apenas 32 anos de existência. Não houve ainda oportunidade para canonizações. De fato, quase todos as líderes principais da igreja estavam ainda vivos. Ao contrário, o nome, claramente, é genérica aos Cristãos em geral (v. 12). Que as pessoas possam ser chamadas "santas" e agirem de maneira pecaminosa é óbvio, como vemos em I Coríntios. Os crentes são chamados IRMÃOS FIÉIS com relação à suas qualidades de perseverança e de dignos de confiança. Todos eram "santos", mas nem todos eram fiéis (1:23; 2:5). Que nenhum de nós fique satisfeito meramente com os nomes, tanto "santos como fiéis", mas que se esforce por ser de fato (1:22,28). Assim como Paulo proclama Cristo, assim eles são "irmãos" EM CRISTO, tendo uma viva relação com Ele (2:10).

Paulo desejou GRAÇA E PAZ a todos os santos. Graça é uma combinação de misericórdia com um esmerado amor de Deus e que resulta numa bênção imerecida. Enquanto que salvação é um ato de graça, Paulo invoca aqui bênçãos de após-salvação (Ram. 8:31,32). A paz que Paulo procura para eles não é descanso da perseguição, pois ele mesmo diz, "Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos" (II Tim. 3:12). Não há no Novo Testamento passagem alguma que dê ao cristão razão "para esperar ser poupado de qualquer perseguição ou tribulação, mas sim graça e paz de espírito enquanto as suportarem. Paz é a integração total da personalidade do crente em comunhão com Deus (3:15, João 16:33). O homem pode acumular bênçãos materiais, pode juntar amigos para alegrá-lo, mas felicidade verdadeira e paz no coração vêm somente por DEUS NOSSO PAI.4 Como Jesus Cristo, Paulo ensinava que a Paternidade de Deus é somente aplicada ao crente.

Versiculo 3. DAMOS GRAÇAS, Paulo diz, mostrando seu interesse na salvação deles e no seu crescimento cristão. Contrariamente a muitos de nós, a alegria do grande Apóstolo ia além do seu restrito círculo e do de seus conversos para incluir aqueles que ele nunca tinha visto (v. 4). Em lugar de "O Senhor abençoe a todos as cristãos em todas as partes", ele orava por suas necessidades particulares e isso diariamente! Possa o Espírito Santo compelir-nos a seguir seu exemplo.

A DEUS, PAI DE. Se bem que Deus seja o Criador e o Sustentador do Universo, não é por essas razões que Paulo Lhe-dá graças, mas sim porque Ele é a fonte de nossa salvação, o Pai de Jesus Cristo e, por conseguinte, de todos as que crêem em nosso Senhor. Há muitos senhores (I Cor. 8:5), mas Jesus não é um entre iguais. Ao contrário, este termo é equivalente a Jeová do Velho Testamento (Filip. 2:9-11). Ele é o Senhor dos senhores; e sendo nosso Senhor, é Senhor de tudo que temos. Compara I Cor. 6:19-20.

NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Durante sua encarnação, nosso Senhor respondia pelo nome que Lhe tinha sido dada, Jesus. Embora Pedro o tenha chamado de "Cristo" (Mat. 16:16), Ele não era geralmente assim chamado até que teve lugar a Ascenção. Mais tarde, camo aqui, Cristo tornou-se quase que o equivalente a um apelida. Nas últimas Epístolas paulinas o nome Cristo excedeu o de Jesus e tomou um lugar predominante. Isto acompanhou-se pelo fato de que, enquanto alguns cristãos usavam o nome Jesus (4:11), nenhum usava Cristo. É um sinal de inspiração o fato dos Evangelhos, que foram escritos tão tarde (A.D. 60-90) não usarem o então popular nome Cristo em lugar de Jesus em referir-se ao Senhor.

SEMPRE POR VÓS EM NOSSAS ORAÇÕES. A afirmação do Apóstolo aqui e em outros lugares (v. 9; Fil. 1:3,4) corrobora minha convicção de que devo despender mais tempo em oração. Como podemos nós, como cristãos, dizer que acreditamos num Deus misericordioso e despendermos tão pouco tempo em oração? A pouca frequência às reuniões de oração calunia nossa afirmação do poder da oração. Paulo, ao contrário, orava fiel e inteligentemente (v. 9). Ele cumpria a ordem que ele mesmo transmitiu em I Tessalonissenses 5:17, "Orai sem cessar". Paulo Orava. A questão devia ser levantada em cada um de nós, "Acredito eu realmente no poder de oração?" É impossível acreditar na oração e despender somente cinco ou quinze minutos por dia em orar!

Versículo 4. Na palavra OUVIMOS há um indício das relações passadas de Paulo com esta igreja. Embora Paulo não tivesse retrocedido em recordar aos seus convertidos que ele era seu pai espiritual, ele dá a Epafras o crédito pela evangelização de Colossos (1:6,7). Cerca de 6 anos tinham se passado desde que Paulo deixara Éfeso e toda oportunidade de conhecer os colossenses. Uma vez que a igreja cresceu durante esse período, a maioria dos membras da igreja era desconhecida para ele (2:1).

A famosa trilogia de Paulo--fé, esperança, amor--é introduzida neste ponto numa forma ligeiramente modificada. Estas 3 palavras são usadas juntas 6 vezes5 pelo apóstolo Paulo, uma vez pelo autor de Hebreus (6:10-12) e uma vez por Pedro (1:21,22). Aqui, o siguificado de ESPERANÇA foi substituido de "expectativa" para "herança" (Vide v. 5).

A afirmação de Paulo de que ele tinha ouvido DA VOSSA FÉ EM CRISTO JESUS pode ser entendida de 3 maneiras: 1) ele podia estar se referindo ao conteudo da sua fé, isto é, sua doutrina (v. 23). Mas uma vez que ele aprova a fé deles, esta possibilidade está excluida quando ele mais tarde reprova-os por seus erros doutrinários (2:20-23; mas vide 2:5). 2) ele podia estar se referindo ao seu andar pela fé, diariamente, na vida cristã. Contudo, desde que o elemento seguinte na trilogia se refere ao seu andar como cristãos, isto teria que ser excluido. "Fé", então, refere-se à sua experiencia de conversão. Sua conversão não foi baseada nem neles mesmos, nem na humanidade, ou qualquer outra coisa a não ser em Jesus Cristo, o Filho de Deus. Paulo lembra-os disso porque eles, na sua loucura, estavam procurando colocar acima de Jesus outras seres, as quais estariam supostamente em contacto mais intimo com Deus. Desde que o Senhor Jesus é grande e suficiente para nos salvar, por que procuraríamos outro para nos aperfeiçoar? (Rom.8:31,32).

Pode o apóstolo Paulo dar ordens a você e a mim, coma ele fez com os crentes em Colossos? O AMOR QUE TENDES POR TODOS OS SANTOS. Nosso Senhor disse, "Por isto conhecerão todos as homens que sois meus discípulos" (João 13:35). Toda nossa relação com nosso próximo está resumida no mandamento de nosso Senhor para amarmos nosso próximo como a nós mesmos. Tão fácil de dizer, tão difícil de fazer! A predominância de I Coríntios 13 em nossas vidas é o sinal mais importante do cristão.

Todos não significa apenas nossa família, nossos amigos chegados e aqueles que ficam ao nosso redor. Todos não deixa de lado as desagradáveis, nem aqueles que nos aborrecem. Vós e eu devemos amar a todos aqueles que Deus escolheu para Si. Mesmo no sentido hiperbólico todos inclui muitas mais além daqueles que reunimas no nosso círculo de amigos. Não poderemos amá-los abstratamente sem estender a eles nossa amizade? Dificilmente. Quando tivermos este "amor por todos os santos", não haverá mais política nas igrejas, não mais o luxo do rico às expensas do pobre, não mais acepção de pessoas relativa à raça. Estes e muitas outros problemas desaparecerão à medida que permitirmos que o amar de Cristo opere em nós.

Versículo 5. Em lugar de ligar esperança à fé e amor por um e, Paula introduz POR CAUSA DE, pondo a esperança como a razão da sua fé e amor. A ESPERANÇA QUE VOS ESTA RESERVADA NOS CÉUS é a concretização da nossa herança e das recompensas que estão à nossa espera no trona de julgamento de Cristo (I Pedro 1:3-5; II Tim. 4:8; II Cor. 5:10). Paulo afirma em I Tessalonissenses 2:19 que sua "esperança" ou "recompensa' era ver seus convertidos na presença de Deus. Estará alguém lá com resultado de nossos esforços? A palavra traduzida "reservada" significa "conservada"--preservada pelo poder de Deus (I Pedro 1:5; Rom. 8:35-39; João 6:39).

DA QUAL JÁ ANTES OUVISTES por Epafras. Pau-lo faz mais do que apenas sugerir que a mensagem original era verdadeira e que aquilo que a contradiz é falso (Gál. 1:6-9). A frase também traz à luz uma verdade que é até mais óbvia no campo missionário. Não se vê, na verdade, pessoas correndo para aceitar Cristo à primeira. vez que ouvem o Evangelho. É uma coisa ouvir palavras soltas que conhece, e outra diferente ouvir com entendimento o significado da mensagem que elas trazem. A repetição aguça o ouvir

Foi PELA PALAVRA DA VERDADE DO EVANGELHO que eles vieram a. saber desta. esperança que Deus reserva. para os Seus. Palavra neste contexto não se refere nem a um vocábulo individual nem a Jesus Cristo (João 1:1,2); mas sim, envolve o todo da mensagem que Deus tem para nós (v. 25). Usando a. frase "da verdade" Paulo pretendia relembrá-los de que o que eles originariamente tinham ouvido era "a verdade", e que qualquer desvio seria erro. Quando foi cunhada a palavra evangelho significava apenas Boas Novas, mas, ao tempo em que Paulo escreveu esta carta, trazia à mente a revelação do Novo Testamento na pessoa de Jesus Cristo.

Versículo 6. QUE JÁ CHEGOU A VÓS, isto é, a qual tivestes oportunidade de ouvir e de aceitar. A verdade tem que ser apresentada claramente antes que uma resposta possar ser esperada. Milhões hoje em dia não podem aceitar o Evangelho porque, ou nunca. o ouviram, ou, ouvindo-o, nunca. o entenderam. Temos nós realmente feito um esforço para ganhar os perdidos?

O Evangelho tinha vindo aos colossenses ASSIM COMO TAMBÉM EM TODO O MUNDO (Cp. v. 23). Jesus profetizou que o "evangelha do reino deverá ser pregãdo a toda o mundo . . . e depois virá o fim" (Mat. 24:14). Ambas as afirmações contém a frase "todo o mundo". Jesus pretendia que Sua afirmação fosse tomada literalmente, mas a de Paulo só pode ser tomada hiperbolicamente.6 Desprezando-se as partes da terra desconhecidas em tempos antigos, ainda permanecia Espanha, Inglaterra, nordeste da Ásia Menor e possivelmente a Mesopotâmia que eram conhecidas e ainda assim não eram evangelizadas.

E JÁ VAI FRUTIFICANDO E CRESCENDO. Toda mensagem, toda filosofia ia produz fruto em relação à sua natureza íntima (2:8; I Tim. 6:20,21). E também verdade que, quando o Evangelho é permitida criar raizes, ele constantemente se reproduz e cresce (Mat. 13:8). O primeiro verbo refere-se ao "trabalho inerente", e o segundo à "expansão externa" do movimento Cristão. COMO TAMBÉM ENTRE VÓS mostra que o fruto produzido é o mesmo mencionado no versículo 4; ou sejam, salvação e desenvolvimento das virtudes cristãs. Ele louva, quando o elogio é merecido. O Apóstolo não disse apenas, DESDE O DIA EM QUE OUVISTES, mas acrescentou igualmente E INTEIRAMENTE CONHECESTES. Há necessidade de repetir, de explicar em outras palavras e então, quando tudo está clara, repetir outra vez. Os falsos líderes estavam se jactando perante os colossenses do seu conhecimento do invisível mundo dos espíritos Paulo relembra à igreja de que o "máximo" ou "completo" conhecimento7 é encontrado no Evangelho que eles já conhecem. O tempo de verbo que Paulo usa para "inteiramente conhecestes" indica que "ele conheciam de uma vez para smnpre." O que eles conheciam era A GRAÇA DE DEUS NA VERDADE. Graças aqui é um sinônimo para o Evangelho (v. 2) e indica a base do mesmo. Na verdade modifica a graça de Deus; que é "a verdadeira expressão da graça de Deus." Isto está em contraste com as mandamentos impostos pelos falsos mestres.

Versículo 7. COMO APRENDESTES DE EPAFRAS. Queim era Epafras? Era um dos colaboradores de Paulo. Educado em Colossos (4:12), converteu-se provavelmente em Éfeso durante a estada de Paulo ali. Como outros Epafras deve ter sido ensinado por Paulo durante seu ministério diário na "escola da experiência." Ao fin do ministério de Paulo em Éfeso, Epafras saiu como evangelista para Colossos, onde fundou aquela igreja e, aparentemente, também aquelas nas cidades vizinhas, Laodicéia e Hierápolis. Mais tarde, quando surgiu a heresia que ele não pode combater com sucesso, levou o assunto a Paulo que estava, nessa época, prisioneiro em Roma.

Paulo chama. Epafras de NOSSO AMADO CONSERVO, com duas idéias em mente: primeira, Epafras e Paulo eram ambos servos de Deus, servos na sentido de serem escravos da Sua vontade (4:12; Tito 1:1). Segunda, ambos estavam prisioneiros em Roma. (Ef. 3:1; Filemon 23).

QUE PARA VÓS É UM FIEL MINISTRO DE CRISTO. Ele era o representante de Paulo e pregava em seu lugar, uma vez que Paulo estava impossibilitado de evangelizá-los. Porque somos ministros "de Cristo" nossa lealdade pertence primeira e principalmente a Ele. Nenhuma amizade, ou politica, ou dinheiro, ou circunstância deve nos demover de um ministério fiel centralizado em Cristo. Apesar de ausente, Epafras continua a afadigar-se por eles em oração (4:12,13).

Nunca devemos nos esquecer de que somos ministros. Conquanto a palavra diácono tenha entrada no vocabulário cristão na igreja primitiva com especial refêrencia àqueles que tinham o especial cuidado das necessidades materiais dos cristãos mais pobres (Atos 6:1-3), foi dentro em breve este termo ampliado em sua aplicação para incluir outros tipos de serviço.8 Não devemos ficar tão inchados com o título de ministro a ponto de nos esquecer de ministrar (Atos 20:27,28)! Que glorioso tributo a Epafras de que Paulo chamá-lo de "ministro fiel." Ele atingiu aquilo por que nós todos deveriainos nos esforçar. Em I Coríntios 4:1,2 Paulo relembra-nos que, de um "despenseiro" requer-se fidelidade. Pensamentos profundos e eloquentes sermões ajudam e são bons. Deus nos julga, no entanto, na base de nossa fidelidade. Como seria doce ouvir o Senhor nos dizendo: "Bem está, servo bom e fiel . . . entra no gozo do teu senhor" (Mat. 25:21)! (Vide também Lucas 12:42-48).

Versículo 8. O QUAL NOS DECLAROU TAMBÉM... Epafras, que lhes trouxe o Evangelho e as serviu como inistro de Cristo, foi compelida pelo amor que lhes tinha a ir a Paulo. Se bem que certamente tivesse ida por causa dos problemas na igreja de Colossos, Epafras não deixou de dar ênfase ao que havia de bom na sua congregação (2:5). Quão fácil é para nós achar faltas em todos os esforços, criticar os erros, e, em geral, dar ênfase ao mal que existe nos outros! Se devemos notar a parte má, apontemos igualmente a parte boa. Notai que nas cartas do grande apóstolo ele começa com elogia, antes de repreender por pecado ou heresia. O VOSSO AMOR. Esta é uma breve reafirmação dos versículos 4-6; ambos são um mero resumo do relatório de Epafras. Amor é um sumário do resultado do Evangelho na vida do crente. Ter isto é ter tudo (I Cor. 13); não o ter é afastar-se completamente da vontade de Deus.

A frase qualificativa NO ESPÍRITO pode ser entendida de duas maneiras: ou o "humano" ou o "santo" Espírito. Se for compreendida da primeira forma, seu sentido será "vosso amor que vem das profundezas do vosso ser." A frase, contudo, tem mais sentido se a referência for compreendida como sendo o Espírito Santo,9 quem manifesta e dirige seu amor (Gál. 5:22). Desde que seu amor não estava no reino do espírito, tomamos no no sentido de pelo; por conseguinte, pelo poder do Espírito Santo seu amor existe, é manifesto, e tem sua expansão

____________________

1 Dois anos passados em Cesaréia (Atos 24:27) e um dos dois passados em Roma (Atos 28:30).

2 Que o termo não foi limitado aos 12, vemos pelo uso do mesmo em relação a Barnabé e Paulo (Atos 14:14), e ao próprio Senhor Jesus (Heb. 3:1).

3 J. B. Lightfoot, op. cit., p. 16.

4 E SENHOR JESUS CRISTO ocorre em AC, Textus Receptus, mas não consta em BD. Os copistas antigos dificilmente omitiriam a frase se estivesse no seu manuscrito, de maneira que ele deve ter adicionado a mesmo. Isso favorece o fato da frase não estar em B.

5 Rom. 5:2-5; I Cor. 13:13; Gal. 5:5,6; Col. 1:4,5; I Tess. 1:3; 5:8.

6 Outros exemplos bíblicos de todo hiperbólico são encontrados em 1:23, Mat. 3:5,6; I Tes. 1:8, etc. Da mesma forma que "todo o mundo" em portugûes não indica todas as pessoas no mundo, assim também Paulo podia dizer em grego "todo o mundo" sem indicar o mundo todo que ele conheceu.

7 Há duas palavras geralmente usadas para exprimir conhecimento no Novo Testamento. Gnosis é a palavra para conhecimento em geral (I Cor. 8:1,7; Ef. 3:19). Algumas vezes é usada com toda (Rom. 15:14) e muitas vezes se refere a um conjunto específico de fatos (Rom. 3:20), mesmo com relação á revelação cristã (I Cor. 12:8). É neste sentido específico que foi usada para referir-se a sistemas filosóficos (I Tim. 6:20). A segunda palavra, epignosis, traz a idéia de chegar ao conhecimento (Col. 2:2; I Tim. 2:4). Geralmente subentende-se um total ou completo conhecimento (Ef. 4:13; Rom. 3:20; Col. 1:10; 2:2). Apesar de que essa idéia de ser total não seja sempre requerida (Filip. 1:9), usualmente forma melhor sentido que o termo simples ou geral termo conhecimento. Paulo contrasta os verbos destas duas palavras em I Cor. 13:12.

8 O ofício de diácono nunca foi intencionalmente limitado a mera "distribuição aos pobres e necessitados." Primeiro, as qualidades exigidas para a escolha dos diáconos indicam um ofício muito mais importante (Atos 6:3; I Tim. 3:8-13). Segundo, os dois diáconos cujo trabalho é largamente mencionado em Atos são melhor conhecidos por seus trabalhos evangelisticos. Terceiro, Paulo não hesita em se referir a si mesmo como um diácono (Col. 1:23), apesar de ser cioso do seu apostolado. A palavra refere-se a uma chamada divina para um serviço especial-- tanto espiritual como material (Marcos 10:45; Col. 1:25).

9 É verdade que no grego falta o artigo definido e deveria literalmente ser traduzido "em espirito". Geralmente no Novo Teatamento quando a palavra espírito se refere ao Santo Espírito, é acompanhada do artigo definido "O" ou qualquer outra palavra qualificativa ou frase, tal como "santo", "de Deus", "de Cristo." que este não é sempre o caso, é mostrado em pelo menos 14 claras referências ao Espírito Santo nas epístolas de Paulo, onde nenhuma palavra qualificativa modifica Espírito. (Vide especialmente Rom. 8:9; 15:19; I Cor. 7:40; II Cor. 3:18).