III. O Desejo de Paulo para o Crente

1. Que ele conheça a vontade de Deus (1:9-12)
a) Paulo ora incessantemente por eles.
b) Paulo deseja que
(1) eles conheçam a vontade de Deus
(2) eles a conheçam em sabedoria e inteligência espiritual
c) O motivo de Paulo é que eles andem dignamente diante do Senhor.
(1) frutificando em toda a boa obra
(2) crescendo no conhecimento de Deus
(3) sendo fortalecidos divinamente
(4) dando graças a Deus
2. Que ele conheça a pessoa de Cristo e seu trabalho para o crente (1:13-22)
a) o crente
(1) é transportado do império das trevas para o reino do Filho de Deus.
(2) tem redenção e remissão dos pecados.
b) Jesus Cristo é
(1) a imagem do Deus invísivel
(2) o primogênito de toda Criação;
(a) Ele criou todas as coisas
(b) Ele é antes de todas as coisas
(c) Ele sustenta o Universo.
(3) a cabeça da igreja
(4) o primogenito dentre os mortos
(5) o recipiente da plenitude de Deus quem
(a) reconcilia todas as coisas por meio dEle
(b) fez a paz por Seu sangue
c) Os colossenses
(1) eram estranhos e inimigos
(2) foram reconciliados pela Sua morte
(3) devem ser santos, irrepreensíveis e inculpáveis
(4) se permanecerem na fé.

 

CAPÍTULO III

O DESEJO DE PAULO PARA O CRENTE

O apóstolo Paulo abre seu ataque contra a falsa doutrina que estava se espalhando em Colossos, mostrando que não há nada secreto, nada para ser oculto no Evangelho verdadeiro. Seu desejo e oração são para que eles compreendam plenamente a vontade de Deus em toda sua profundeza, de maneira que suas vidas testifiquem para a glória de Cristo.

Passando quasi que sem uma pausa, da vontade de Deus para o crente para um breve esbóço de quem Jesus é, Paulo declara que Ele é maior do que qualquer espírito intermediário. Jesus Cristo é o próprio Deus, o Criador e Sustentador de tudo que existe fora da Divindade. Ele também destroi os argumentos dos falsos profetas mostrando que Jesus Cristo é, não só a Cabeça da Igreja, mas também o seu Redentor. Que necessidade tem eles desses espíritos imaginários?

Paulo encerra esse parágrafo com uma severa admoestação sobre o que acontecerá se eles continuarem a afastar-se do Evangelho.

Versículo 9. POR ESTA RAZÃO. Paulo retrocede ao versículo 8, depois aos versiculos 4 e 5 e inclue o todo do relato de Epafras. Notai sua reação. Esperou ele até que fosse tempo de escrever-lhes para começar a orar por eles? Não! NOS TAMBÉM DESDE O DIA EM QUE O OUVIMOS, NÃO CESSAMOS DE ORAR POR VOS. Ele imediatamente os incluiu na sua lista de pedidos de oração. Muitos de nós não cessam de orar porque nunca começam! Contudo Paulo dificilmente podia orar continuamente por uma igreja. Em II Cor. 11:28 ele comenta que "me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas." Ele orava por elas todas, diariamente. De maneira que entendemos o seu "não cesso de orar" como significando uma lembrança diária dos problemas individuais e das necessidades de cada igreja.

O apóstolo continua a explicar a finalidade buscada em suas orações, acrescentando, E DE PEDIR QUE SEJAIS CHEIOS DO PLENO CONHECIMENTO DA SUA VONTADE. Paulo acreditava que era possível estar-se convencido de que um determinado curso de ação é a vontade de Deus. Paulo não somente acreditava, mas agia baseado na sua crença. Ele passava horas orando para que os colossenses e outros cristãos do primeiro século conhecessem a vontade de Deus. Para ter certeza da vontade de Deus não devemos pedir um "sinal", "uma voz", ou uma "visão". Algumas vezes Ele permite essas coisas, mas abençoados os que sem elas crerem e souberem (João 20:29). Apesar de que não admitirmos isto, a maior parte de nós vive como se Deus não estivesse prestando qualquer atenção ao que pensamos e fazemos (3:6). É encargo vosso e meu individualmente descobrir através da oração e do estudo bíblico justamente aquilo que Ele quer para nós, e fazer isto (Ef. 5:17).

A falsa doutrina dos líderes em Colossos consistia basicamente na apresentação de certos. espíritos intermediários entre Deus e Cristo (v. 16; 2:18), juntamente com a ordem de guardar certos elementos da lei (2:10; 11, 14-16). Em oposição a chamada ciência gnosis que lhes era imposta, Paulo deseja para eles o pleno conhecimento (epignosis, v. 6) do programa de Deus, a qual consistia no conhecimento de Sua vontade em relação a Jesus Cristo (v. 10).

Há duas direções para as quais o conhecimento da vontade de Deus nos leva: EM TODA A SABEDORIA E INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL. A toda sabedoria aqui não inclui a sabedoria do mundo, pois a sabedoria mundana não pode discortinar a Deus (I Cor. 1:20,21; Isa. 55:8,9). A sabedoria de Dens só pode ser considerada por aqueles que estão amadurecidos na sua experiência cristã (I Cor. 2:6,7), e so pode ser entendida por aqueles que mergulharam nas profundezas da Sua revelação (Rom. 11:33-36). Se tivermos falta dessa sabedoria, peçamos a Deus discernimento da Sua vontade (Tiago 1:5). A sabedoria Paulo ajuntou "inteligência". As duas palavras, tanto em português como em grego são praticamente sinônimas. (2:2,3) Elas diferem em que a sabedoria é a habilidade de fazer decisões corretas e de escolher cursos certos de ação; inteligência é a habilidade de esclarecer ou apreender as relações de certo material. Os adjetivos toda e espiritual modificam ambos os substantivos. Os adjetivos servem para colocar a sabedoria e inteligência divina em contraste com a mera exibição de sabedoria dos seus falsos mestres (2:23).

Versículo 10. Paulo estava orando para que os colossenses pudessem conhecer a vontade de Deus. Para que? PARA QUE POSSAIS ANDAR DIGNAMENTE DIANTE DO SENHOR! O verbo andar é muito expressivo. É usado por Paulo 32 vezes para se referir a peregrinação do cristão através deste mundo (vide especialmente Ef. 5:8; II Cor. 10:2). Em 3:7 é igual a viver. Pela ajuda do Senhor um longo e árduo caminhar pode transformar-se em um agradável passeio. Como cristãos devemos nos elevar ao padrão que Ele colocou diante de nós (Ef. 4:13; I João 2:6). É impossível? Não importa, devemos lutar por conseguí-lo O Senhor tem um interesse vital na corrida que estamos empreendendo. É nosso testemunho "digno" dEle?

A frase, AGRADANDO-LHE EM TUDO, parece estar flutuando sem dar muita direção a afirmação de Paulo. Agradando a quem? Não a homens, mas a Deus. A tradução da Sociedade Bíblica desta frase é, "para o seu inteiro agrado." Podemos sinceramente dizer com o apóstolo João que "fazemos o que é agradável à sua vista?" (I Joäo 3:22). O apóstolo Paulo apresenta quatro rnaneiras pelas quais podemos agradar a Deus: "dando frutos", "crescendo no conhecimento de Deus", "sendo fortalecidos" e "dando graças ao Pai."

O primeiro modo pelo qual nós agradamos a Deus é FRUTIFICANDO EM TODA BOA OBRA. O irmào de Nosso Senhor relembra-nos de que a fé sem as obras é morta (Tiago 2:17). Nós, evangélicos, damos tanta ênfase ao fato de que as obras de maneira nenhuma contribuem para a nossa salvacäo que temos a tendência de desprezar o fato de que somos salvos para fazer boas obras (Ef. 2:10). O apóstolo transfere a vós e a mim o privilégio de fazer "toda boa obra". O que é uma "boa obra"? O Novo Testamento está cheio de exemplos.1 Não apenas boas acões mas também motivos justos são exigidos por Ele (Mat. 6:1-18). Nosso problema geralmente não é aquilo que não sabemos, mas sim viver de acordo com aquilo que já sabemos.

Até mesmo mais necessário do que fazer boas obras é a segunda maneira de agradar a Ele: CRESCENDO NO PLENO CONHECIMENTO DE DEUS. Todo mundo sabe alguma coisa sobre Deus (Rom. 1:19-21). O cristão sabe ainda mais pelo seu contacto com Deus na salvacão e através da Palavra (I Cor, 8:6,7). Uma vez que a vida eterna consiste em conhecê-lO (João 17:3), o grau de vida eterna que temos está em proporção direta ao nosso maior ou menor conhecimento de Deus. Vós que sabeis tanto sobre Deus, realmente conheceis a Ele? Sömente quando tivermos tempo para gozar comunhão com Ele, nós nos tornaremos intimamente familiarizados com nosso Senhor e Deus. Ele Se revela somente aqueles que fervorosamente O buscam. (Para notas sobre conhecimento pleno vide comentârios no cap. 1:6,9).

Versículo 11. O braço da carne é fraco e impotente contra o poder astucioso de Satanaz. Necessitamos de ser guardados pelos braços eternos. SENDO FORTALECIDOS COM TODO O PODER. Contudo Ele não impõe Sua ajuda e poder a ninguém. Devemos fervorosamente buscar e desejar ser fortalecidos. Deus nos fortalece SEGUNDO A FORQA DA SUA GLÓRIA. A versão de Almeida usa 3 palavras (corroborados, fortaleza, força) para traduzir 2 gregas. (dunamis e kratos)2 O verbo e o primeiro substantivo vêm de dunamis, o segundo substantivo de kratos. O da declara que a força pertence à "glória" de Deus. A palavra glória aqui não significa alguma luz brilhante (Apo. 22:5), nem muito menos se refere à alguma beleza física, da parte de Deus (II Cor. 3:7). Em vez disso, Sua glória, como em João 1:14, refere-se à Sua dignidade, majestade, poder, ser e divindade. Se somos fortalecidos na medida dessas coisas, seremos sempre vitoriosos (Rom. 8:37).

O propósito de Deus em fortalecer-nos é para que alcancemos TODA PACIÊNCIA E LONGANIMIDADE COM GOZO. Não devemos nos enganar pensando que Deus nos fortalece de tal maneira que seremos fortes, fortes como Sansão. Não, Ele age de tal forma que podemos sair vitoriosos no processo de aperfeiçoamento na luta contra a tentação e perseguição (Rom. 8:35-39). Toda paciência; geralmente estamos prontos a aceitar o que vem, até certo ponto--daí em diante afirmamos nossos "direitos" e revidamos, se temos esta possibilidade. Deus não nos fortalece para tomarmos a vingança (Rom.12:19). Assim como força e poder são quasi sinônimos, assim também paciência e longanimidade. A primeira significa basicamente permanecer sob a pressão da provação e está aliada à esperança, enquanto a segunda indica demorar em se irar e ter misericórdia.

Há alguma dúvida se a última frase, com gozo, penrtence a este, ou ao versículo seguinte. Enquanto "dando graças com gozo" parece formar melhor sentido do que sofrer tentação e tribulação com alegria, ainda assim em Rom. 5:3 Paulo nos diz para nos regozijarmos na tribulação por causa do fim a ser alcançado. (Vide também Tiago 1:2) Isto é bem contrário às nossas reações usuais. Parece tão difícil na hora da provação lembrar que Rom. 8:28 ainda está na Biblia! Não é bastante estarmos reconciliados com as circunstâncias, devemos nos regozijar nelas.

Versiculo 12. Chegamos agora à quarta e última maneira de agradá-lO. DAR GRAÇAS é uma ação que jorra expontaneamente de nossas almas, a resposta natural a Deus por Seus dons. Como nós apreciamos uma demonstração de gratidão da parte daqueles a quem ajudamos, Deus se agrada quando nossas palavras e obras mostram que estamos cheios de gratidão. Embora digno de ambos, amor e gratidão, Deus não nos força a nenhum deles. Devíamos nos envergonhar de quão pouco sentimos e mostramos nossa apreciação! Nossos agradecimentos são dirigidos ao Pai, porque ele cuidou da nossa salvação.

QUE VOS FEZ IDÔNEOS. A compreensão de que Deus não somente nos salvou de um sofrimento sem fim, mas nos habilitou a estarmos com os santos como co-herdeiros com Cristo, deveria fazer com que nossos corações saltassem de emoção. Todos nós estávamos destituidos da glória de Deus e como tal éramos indignos de vir à Sua presença. Pela aceitação do sacrifício de Jesus Cristo nós nos tornamos qualificados a entrar nas bênçãos que Ele preparou.

Deus nos fez dignos DE RECEBER UMA PORÇÃO DA HERANÇA PREPARADA PARA SEU POVO (I Cor. 2:9,10). Naturalmente, estamos todos vitalmente interessados nessa herança. Ela é indubitavelmente a mesma daquela esperança celestial do versículo 5--não ganha, mas repartida conosco. Já parastes para pensar quão maravilhoso é ser um herdeino de Deus? Romanos 8:17! A extensão do nosso tesouro no céu depende inteiramente do quanto nós trabalhamos para Cristo. (Vide Col. 3:24) Vamos lançar fora a confusão deste mundo e trabalhar pelas recompensas que Deus nos dá. Elas são certamente dignas dos esforços necessários.

Quem são esses SANTOS NA LUZ? Enquanto que a palavra santos no Novo Testamento geralmente refere-se aos militantes da Igreja, i.e., aos crentes vivos,3 há diversas passagens que se referem aos crentes que passaram a estar com o Senhor. (Vide I Tess. 3:13; Apoc. 11:18; I Cor. 6:2). A adição de na luz depois de santos serve para distinguir aqueles que já foram receber o seu galardão daqueles que ainda estão se esforçando pela vitória.

Versículo 13. Que tremendo motivo Paulo nos dá aqui para rendermos graças ao Pai QUE NOS LIBERTOU DA AUTORIDADE DAS TREVAS! Que utilidade teria para nós receber uma porção da herança dos santos se permanecéssemos sob o controle do mal? Ele literalmente "arrastou-nos do perigo" (Mat. 27:43). Nós estávamos impotentes nas garras do inimigo (Col. 2:13; Rom. 7:15), mas Ele nos livrou do poder de Satanaz. Assim como o vaqueiro ferido é rapidamente retirado do curral antes que o cavalo selvagem possa pisoteá-lo até matá-lo, assim Ele nos retirou das garras da condenação eterna.

A diferença entre autoridade e habilidade é confusa na versão de Almeida que livremente traduz ambas pela palavra poder. Aqui no versículo 13 a referência não é tanto para "reino" como para "regido" pelas trevas (Ef. 2:1,2). Uma coisa assombrosa é que aquele que está sob o controle das trevas realmente as ama (João 3:19,20)! Ele as vê como uma bênção (seus feitos iníquos não podem ser vistos), mas se esquece de que elas também se tornam uma maldição (ele não pode ver o que os outros vão lhe fazer.)

Deus não nos tirou do poder das trevas para nos deixar no vácuo. Ele nos TRANSPORTOU PARA O REINO DO FILHO DO SEU AMOR. Ele não apenas nos removeu do poder de Satanaz, mas também fez com que "mudássemos de posição." O verbo usado nos dá uma idéia do extenso transporte de pessoas, como é recordado no Velho Testamento. Eramos filhos do pecado e de Satanaz; somos agora filhos de Deus (João 8:41,44; II Pedro 1:4). "Fora" de um reino e "dentro" de outro--esta é a história da redenção (I Tess. 2:12). A palavra traduzida reino tem dois significados: 1) a regra, a autoridade que e exercida (Vide Lucas 19:11-27; Apo. 17:12). 2) refere-se a um reino ou a uma certa extensão territorial. (Para esse sentido vide Mat. 4:8; Marcos 6:23). Como crentes nós nos alegramos com os poderes espirituais da regra de Deus agora em nossas vidas. No milênio esta regra será extendida a toda a humanidade.

Quando Deus fala do Filho do seu amor, de maneira nenhuma Ele quer dizer que haja outros filhos menos amados. Ao contrário, esta frase dá ênfase ao quanto Ele O amou. Quão grande então deve ter sido o seu amor para conosco para sacrificá-lO na cruz do Calvário! Esta frase também demonstra quão satisfeito está Deus com o trabalho executado por Cristo (Filip. 2:9-11; Heb. 10:12-14; 3:1-3).

Versículo 14. Este versículo é uma explicação do versículo 13 e mostra como Deus mudou nossa lealdade do lado de Satanaz para o Seu próprio. Fomos colocados dentro da estrutura do reino de Cristo porque foi Ele próprio quem efetuou nossa salvação. EM QUEM TEMOS A REDENÇAO. É em e através de Jesus Cristo somente que temos nosso resgate pago (Atos 4:12; Rom. 3:24). Notai a possessão atual de nossa redenção como indicada pelo tempo presente do verbo ter. Nesta passagem o grego usa o artigo definido, mostrando a referência ser um caso particular de redenção que ressalta sobre todas as outras: aquela comprada na cruz.

Paulo mais adiante define nossa redenção5 acrescentando A REMISSÃO DOS PECADOS. A palavra remissão significa: 1) "libertação" (Lucas 4:18) e 2) "perdão" (Mat. 26:28). Somos libertados do poder do pecado, e somos perdoados dos seus efeitos (Rom. 6:23). Toda a estrutura de nossas más ações foi demolida. Somos livres. Mas esperai, somos "livres como a brisa"? Antes, éramos livres da justiça e servos do pecado. Agora que "trocamos de posição", a situação é reversa de maneira que, enquanto somos livres do pecado, somos servos de Deus (Rom. 6:20-22).

Versículo 15. Neste e nos versículos seguintes Paulo reclama para Cristo a absoluta supremacia em relação ao Universo e à Igreja. Paulo atraiu nossos olhos para Jesus Cristo, O QUAL É A IMAGEM DO DEUS INVISÍVEL. Notai que ele diz Ele é; não era, ou será, nem muito menos que Ele tornou-se a imagem de Deus. É, o presente eterno. "Jesus Cristo, o mesma ontem, hoje e eternamente." (Heb. 13:8)

Que quer Paulo significar pela palavra imagem? Quer ele se referir a uma semelhança física entre Jesus e o Pai (João 14:9)? Dificilmente, pois Deus é Espírito (João 4:24) e invisível. Jesus Cristo é a exata reprodução do Pai no sentido de espírito, desejos, poder, glória. Ele mesma diz, "Eu e o Pai somos Um" (João 10:30) (Comp. Filip. 2:6 e Heb. 1:3). Além de semelhança, que pode ser acidental, imagem subentende o "original" da qual é uma "cópia." Ligada ao invisível imagem compreende a "manifestação de alguma coisa escondida."

Adão foi feito "à imagem" de Deus (Gen. 1:26,27). Contudo Adão caiu em pecado e carregou toda a raça. humana. com ele. Como resultado somos nascidos, não "à imagem de Deus", mas à de Adão (Gen. 5:1,3; Heb. 1:9,10). O último Adão foi pela natureza. o que o primeiro Adão "foi feito". Notai a comparação de Paulo entre os dois em I Cor. 15:20-22, 45-50 e Rom. 5:12-21.

Qual é o intuito de Paulo em tudo isso? Primeiro e acima de tudo ele está argumentando sobre a superioridade de Cristo sobre toda e qualquer homem ou anjo. Desde que Jesus Cristo é o próprio Deus, desde que Ele intercede por nós e procura o nosso bem, por que deveriam os colossenses (ou vós ou eu) procurar Seu favor através de vários outras intermediários? Uma vez que não devemos fazer nenhuma imagem de Deus, nós mesmos devemos ser "a imagem da Seu Filho" (Rom. 8:29). Através de Jesus Cristo a imagem de Deus é devolvida aos filhos de Adão. Isto é o que Paulo quis significar quando disse, "Para mim o viver é Cristo" (Filip. 1:20; Col. 1:27). Está o mundo apto a ver a imagem de Cristo em vós? Em mim?

Deus é invisível, tanto para o olho interno (intelectual e espiritual) como para o externo (físico) . Isto significa que Ele não nos vê, que Ele é impotente, que para todos os propósitos práticos Ele não existe? Se julgarmos pelas nossas vidas, essas são as conclusões a. que teremos que chegar. Ao contrário desde que Deus é invisível, Ele não está localizado em um certo lugar, como Jesus Cristo por cerca de 33 anos. Ele está presente em toda parte, o Deus dos deuses . Tudo é visto por Ele, tudo deve curvar-se diante dEle. Sendo invisível Deus se compreende apenas pela fé. Por isso a necessidade de "crer" é imposto a cada. um.

Na sua descrição de Jesus, Paulo declara ser Ele o PRIMOGÊNITO DE TODA A CRIAÇAO. Assim como em português a palavra grega traduzida primogênito é formada de 2 palavras. Uma é o superlativo da palavra "antes" e significa o 1o absoluto. Nada veio antes dEle em tempo ou ordem, nada acima dEle em dignidade, importância, ou honra (Mat. 26:17; Atos 13:50). A outra é do verbo "dar a luz", "dar nascimento" à alguma coisa (Mat. 1:21; Tiago 1:15). O significado literal dessa palavra composta aparece muitas vezes no Nova Testamento (e.g., Mat. 1:25; Heb. 11:28). Este não é, contudo,o único significado. Do Salmo 89:27 aprendemos que é um titulo reconhecido do Messias. Fala da Sua absoluta pre-existência antes de qualquer Criação. Se Paulo tivesse por objetivo íncluí-lO na Criação, teria usado "Primeira criação".6 Mais importante ainda do que primeiro em tempo ou ordem é a idéia de primeiro em lugar de honra, que é, "o mais alto". Jesus Cristo é o mais elevado entre os altos, único entre todos os seres do mundo. Ele é o Senhor soberano de toda Criação .

Tudo, exceto Deus, foi criado. Paulo está se referindo especificamente a qualquer ordem de anjos, os quais os colossenses clamavam ter maior autoridade do que Jesus Cristo. Jesus Cristo é o Criador (1:16; Heb. 1:3; João 1:3). De maneira que, a frase "o primogênito de toda criação", realmente significa "Senhor de toda criação", ou, mais simplesmente, "Criador de tudo".

Versículo 16. A frase PORQUE NELE FORAM CRIADOS refere-se a última parte do versículo 15. Jesus Cristo é chamado "o primogênito de toda criação", pois Ele é o Criador de tudo que existe, exceto Deus mesmo. O verbo criar significa "dar existência a alguma coisa." Uma vez que Aquele que cria é maior da que aquilo criado (Heb . 3:3-6; João 15:20), Paulo está destruindo os argumentos filosóficos daqueles que estavam confundindo os colossenses. Cristo está acima de todos os anjos e de qualquer outro ser sobrenatural em poder, dignidade e pre-existência. Paula escreve "Ele". Este é o terceiro dos quinze pronomes (em grego) referentes a. Jesus. Cristo nas sete verses de 14 a 20. Eles todas se referem ao "Filho" da versículo 13. Nesta passagem maravilhosa, que exalta Jesus Cristo mais da que qualquer outra, Seu name não aparece nem ao menos uma vez, de qualquer forma!

Jesus Cristo criou TODAS AS COISAS QUE HÁ NOS CÉUS E NA TERRA. Sobre "todas as coisas" vide v. 17. Uma vez que o Hades é geralmente considerada no Novo Testamento como localizado "debaixo" da terra, está incluido. O Salmista disse, "Para onde me irei do teu Espírito? . . . se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também" (Salmo 139:7,8). Seu trabalho criador abrange tudo em toda parte. Assim como os Céus e a Terra mostram a. extensão "no espaço" do Seu trabalho criador, assim AS VlSÍVEIS E INVISÍVEIS mostram sua extensão "em tipos" de existência. Ele criou aquilo que é material e aquilo que é espiritual. Até mesmo o "invisível" pode ser material; tal como a eletricidade e vários gazes.

Paulo agora chega ao âmago da filosofia herética e nomeia 4 ordens de seres superiores que se supunha ser de uma ordem mais elevada do que Jesus Cristo e, desta forma, mais próxima de Deus. SEJAM POTESTADES, SEJAM PRINCIPADOS, SEJAM SOBERANIAS, SEJAM AUTORIDADES, ou qualquer coisa que possa existir, TUDO FOI CRIADO POR ELE E PARA ELE. Os quatro termos são praticamente sinônimos, e podem ser traduzidos por principado, pois eles todos descrevem um ou outro dos "direitos" de um príncipe. O primeiro significa o poder incorporado na posição, o segundo fala da autoridade constituida, o terceiro da precedência em posição ou poder, e o último da jurisdição ou regência de tais pessoas ou seres . Mas sejam eles o que forem, qualquer que seja sua posição ou poder, foram eles criados por e para Ele! Isto nos deveria confortar, e ajudar-nos a compreender que, apesar desses legisladores (humanos ou espirituais) poderem nos oprimir, são eles o que são pela permissão e poder de Deus, não podem fazer nada que Ele não permita (Rom. 13:1-7). Ao fim eles servem e glorificam a Ele (2:10).

Versículo 17. Quando o apóstolo diz E ELE É ANTES DE TUDO E TODAS AS COISAS, não está se referindo a lugar, mas ao tempo, dignidade, honra e poder. Nada existiu antes dEle e nada existe que seja em qualquer sentido igual a Ele. Esta passagem é equivalente a João 1:1; 17:5; e Prov. 8:22-36, e juntamente com essas, ensina que Jesus Cristo existia em poder e glória muito antes do Seu nascimento em Belém . Nesta passagem (1:14-22) Paulo usa a expressão, todas as coisas 6 vezes . No grego Bíblico a frase "todas as coisas" frequentemente significa mais do que apenas a generalização para "tudo que existe". Contudo aqui, especialmente no versículo 16, este parece ser o intuito do apóstolo.

Jesus Cristo não é somente o Criador de tudo, mas também POR ELE SUBSISTE tudo que realmente existe. O verbo subsistir significa uma continuação de existência. Sem o Seu cuidado todos os mundos e estrelas explodiriam como tremendas bombas de hidrogênio (II Pedro 3:10-12). Como é possível que uma pessoa tão grande como nosso Senhor Jesus pudesse amar-nos, a nós que somos tão insignificantes e rebeldes? Como pode Ele rebaixar-se para morrer por nós? Ou submeter-se a interceder por pecadores diante do Pai Santo (I João 2:1)? É inconcebível! A única coisa que é igualmente inconcebível é como o povo ignora. o amor e a vontade de Deus e é ingrato pelas Suas muitas bênçãos. Pior ainda, nós mesmos somos culpados. Com Pedro devemos nos perguntar que espécie de pessoas devemos ser para um viver santo e constante adoração a Deus (II Pedro 3:11).

Versículo 18. Nos versículos 15 a 17 Paulo mostrou que Jesus Cristo permanece muito acima de qualquer criatura ou ser que possa existir. Agora no versículo 18 ele mostra a relação que Ele tem com a Igreja . E ELE É A CABEÇA DO CORPO, DA IGREJA. Assim como o corpo fisicamente está sujeito a cabeça, assim a Igreja. deve obedecer em tudo aos mandamentos que recebe de Jesus Cristo (Ef. 1:22; 5:23, 24). O corpo humano é composto de muitos membros, e cada membro tem um nervo em contacto direto com o cerebra; assim cada um de nós individualmente na Igreja diferimos nas nossas funções e chamada, e cada um de nós tem acesso direto ao trono da graça para receber ordens diretas de Jesus Cristo (Heb. 4:16) .

Paulo fala de Jesus Cristo coma Aquele QUE É O SOBERANO, desta maneira usando para nosso Senhor o terceiro dos quatro names dados no versículo 16. A diferença é que aqui o título é especifico, está no singular e pede o artigo definido.7 Ele é o Soberano sobre todos os outros soberanos.. Ele tem precedência em posição e poder. A palavra não tem aqui o sentido de origem, começo. Uma vez mais ele chama nosso Senhor de "primaogênito", PRIMOGÊNITO DENTRE OS MORTOS (Apo. 1:5). (Vide a nota sobre esta palavra em 1:15) . Aqui é equivalente à frase "primícias dos que dormem" (I Cor. 15:20-23), que é, a primeira porção que garante aquela que está por se seguir. Cristo levantou-se dos mortos para selar nossa fé e garantir para nós uma ressurreição (I Cor. 15:17,20).

Como a imagem de Deus e Criador de tudo pre-existente, Cristo era mais excelente do que qualquer outro ser. Como Cabeça da Igreja Ele é soberano de todos os filhos de Deus. Ele é também "primogênito dentre os mortos" PARA QUE EM TUDO TENHA A PREEMINÊNCIA e sobre todas as pessoas que já tenham existido. Ninguém antes e ninguém depois deixou o túmulo com um corpo ressurreto. Lázaro (João 11:44) e os santos no dia da ressurreição (Mat. 27:52,53) levantaram-se da sepultura. com corpos humanos reconstituidos para morrer outra vez. Cristo foi o primeiro a erguer-se para não morrer. A palavra preeminente é a mesma da primeira parte de primogênito. Um rei qualquer é preeminente, i.e., o primeiro entre iguais.. Cristo, ao contrário, é preeminente porque Ele é não somente o primeiro, mas também pertence a uma classe só dEle. Não há iguais dEle.

Versículo 19. De que Éle é preeminente sobre tudo é provado PORQUE TODA A PLENITUDE AGRADOU-SE DE HABITAR NELE. Que é que entendemos por toda a plenitude?8 A palavra traduzida "plenitude"" significa o inteiro conteudo ou o completo desenvolvimento de alguma coisa (I Cor. 10:26; Ef. 4:13). Aqui como em Efésios 3:19 certamente significa a completa medida da divindade (2:9). Quaisquer que sejam as qualidades ou particularidades (tais como amor, santidade, verdade) que atribuimos a Deus, fazemos isto a Sua divindade, à Sua plenitude.

Desde que Cristo é aquilo que Deus é e desde que Ele é a expressa imagem (v. 15) de Deus, Ele possui nEle mesmo toda a plenitude da divindade de Deus. Jesus Cristo não e a emanação de um espírito puro", nem é Ele um ser criado . Não! Ele é o próprio Deus. Seu ser, pessoa e obra expressam tudo que Deus É (João 1:1; 14:7-11). Quem se alegrou de que a plenitude habitasse em Cristo? A versão de Almeida frisa em itálico "o Pai". Na realidade a construção da grego requer que a plenitude seja o sujeito de ambos os verbos, "habita" e "reconcilia."

Notai os verbos que Paulo usa para descrever esta relação: "agradou-se de habitar". Sua habitação é uma permanência sem fim visível. Finalmente é "nEle", i.e, em Cristo e somente em Cristo que a plenitude habita. Que tremendo pensamento para concluir esta passagem sobre as glórias de Cristo! Ele está por cima e acima de todos os outros porque Ele é habitado por todos os atributos e, desta forma, pela própria pessoa de Deus.

Versículo 20. Tendo claramente indicado nos versículos 15 a 19 quem Cristo é, Paulo agora se volta para o que Ele fez. Assim como é o Seu ser e pessoa, assim é Seu trabalho. Jesus está muito acima desses fabulosos intermediários (v. 16) com os quais os colossenses estavam sendo iludidos. E POR MEJO DELE RECONCILIASSE CONS1GO MESMO TODAS AS COISAS. É por meio de Cristo e somente dEle que a plenitude de Deus nos traz de volta a uma relação correta com Ele mesmo (Col. 1:14; II Cor. 5:18,19). Ele criou "todas as coisas" para Ele mesmo (v. 16) e agora deve Ele mesmo reconciliar "todas as coisas.

O verbo reconciliar significa transferir de um estado para outro completamente diferente. Significa "ser restaurado na favor" (Ef. 2:16). O verbo implica três condições: relação perfeita,9 uma quebra nessa relação (Rom. 5:12) e finalmente restauração (Col. 1:22). Se bem que seja o homem quem está em inimizade com Deus e quem necessita ser reconciliado, Deus é Aquele que toma a iniciativa e traz a reconciliação desistindo de Seus direitos. Basicamente, reconciliação é o efeito do sacrifício de Cristo no pecador arrependido (1 :13; Rom. 5:10).

Todas as coisas são restauradas no favor ATRAVÉS DELE, TANTO AS QUE ESTÃO NA TERRA COMO AS QUE ESTÃO NOS CÉUS. Em Gênesis 3:17-19 Deus declara estar a terra amaldiçoada por causa do homem; em Romanos 8:19,20 Paulo profetisa a remoção da maldição e a reconciliação da Criação com o Criador. Apesar de que toda joelho se dobrará ante Ele (Filip. 2:10), nem toda pessoa se reconciliará. Os impenitentes permanecem hostis para sempre. Como se fez a reconciliação? TENDO FEITO A PAZ PELO SANGUE DA SUA CRUZ. Fazer a paz é o equivalente a reconciliação (Mat. 5:9), e o instrumento neste caso é a cruz, ou melhor, a morte de Cristo na cruz (v. 22). Sem o derramamento de sangue inocente não há remissão (Heb. 9:22) . Apesar de toda a sua suposta grandeza esses mediadores da versículo 16 nada tinham feito para restaurar as perdidos ao favor de Deus. Por que deveriamos adorá-los ou orar a eles? Jesus Cristo agrada-se da nossa adoração e súplicas. Ele somente é digno delas .

Versículo 21. Voltando-se agora do Senhor Jesus Cristo (v. 13-20) para os colossenses Paulo relembra-os da sua condição primeira de inconvertidos. A frase, E A VÓS TAMBÉM, QUE NOUTRO TEMPO EREIS ESTRANHOS, E INIMIGOS, certamente deve ter-lhes reavivado a memória sbre o que eram eles antes que Cristo viesse e os modificasse (Ef. 2:11-19). A palavra também fala de tempos anteriores assim como de uma sequência.. A Israel tinham sido dadas as Sagradas Escrituras, a Israel foi dado o direito de acesso a Deus. Os colossenses, juntamente com outros, eram estranhos a Deus e a Sua Palavra (Ef. 4:18; Col. 2:13).

Não apenas estavam os colossenses separados de Deus, mas eram também "hostis" a Ele. O incrédulo pode procurar fazer o bem (Rom. 7:19) e pode mesmo procurar a Deus pelo que possa vir a obter, mas ele não procura. a Deus pelo que Ele é (Rom. 3:11). Ao contrário, ele é francamente antagônico. Nós como crentes devemos estar cuidadosos de não cair outra vez nesta atitude da qual Ele nos redimiu. Tiago nos diz (4:4) que mera amizade com o mundo é inimizade contra Deus.

A inimizade da incrédulo não é mais que o reflexo da sua natureza. Vossa hostilidade é baseada. NO ENTENDIMENTO PELAS (VOSSAS) OBRAS MÁS. O entendimento da qual ele se refere é o seu inteiro modo de pensar e de sentir (Ef. 2:3). Nós falamos sobre liberdade de vontade. Na realidade, nossa liberdade é tão limitada como a de um homem em um navio no oceano. Ande por onde quiser, terminará ele no mesmo porto que o navio. Assim, todo o tempo em que estivermos pensando que estamos fazendo livre escolha, a. inclinação da nossa mente nos influencia e na verdade nos guia. O incrédulo não pode ser nada a não ser inimigo de Deus; esta é a sua inclinação. Este antagonismo manifesta-se em obras más. Com isto não se pretende negar que o incrédulo faça várias obras "boas". Ele pode praticá-las, e ainda assim a maioria das suas ações ser classificada de "má."

Versículo 22. Em contraste enfático à condição de seu estado anterior, Paulo agora coloca a atual relação deles com Deus. AGORA CONTUDO (VOS) RECONCILIOU. Eles tinham sido apartados, agora foram restaurados em favor; eram antagônicos, agora são obedientes (Vide v. 20 para comentários sobre reconciliar.)

Esta reconciliação foi trazida NO CORPO DA SUA CARNE, PELA MORTE. Seu corpo e sangue (v. 20) são somente símbolos para chamar nossa atenção para a. morte literal do Filho de Deus. Paulo dá ênfase ao corpo física de nosso Senhor, pois foi por causa disto que os filosofos O desprezaram.10 É a morte do Homem na cruz que realiza nossa salvação, o inocente pelo culpado, o infinito pelo mundo todo. Nunca. nos esqueçamos de que o preço para nosso Senhor foi tremendo (Heb. 5:8) . Ele sofreu a dor física de uma morte lenta, a. confusão emocional da vergonha e separação de Deus (Heb. 12:2; Mat. 27:46), e em terceiro lugar, a reação espiritual ao pecado que foi lançado sobre Ele (II Cor. 5:21). Comprados por um preço tão tremendo, como podemos ficar tão indiferentes?

Jesus pagou esse preço PARA perante Ele VOS APRESENTAR SANTOS E INCULPÁVEIS E IRREPREENSÍVEIS. Comparai esta parte da versículo com a última parte do versículo 28 onde praticamente a mesma idéia é apresentada. No versículo 28 o programa de Deus é visto do ponto de vista do esforço humano, enquanto aqui é visto do divino. Juntos, Deus e homem são colaboradores para aperfeiçoar os Santos (I Cor. 3:9). O plano de Jesus para vós e para mim é divino aqui em 3 aspectos: devemos ser santos, inculpáveis e irrepreensíveis. Que glorioso testemunho teríamos se nos esforçássemos para ser aquilo para o que Deus nos chamou!

Fomos chamados à santidade. Não devemos nos retrair e dizer, "Ninguém nunca foi santo, então para que tentar." A perfeição pode ser impossível, mas ainda assim Deus requer que sejamos santos (I Ped. 1:15,16). Há dois aspectos de santidade: o negativo, uma vida sem pecado (I Tes. 5:22,23); e o positivo, uma vida cheia de frutos (Ef. 2:10).

A lnculpável é o antônimo de uma palavra significando "culpa", "ridículo", "mácula", "desgraça" (II Ped. 2:13). Devemos viver de uma tal maneira que nada disso caia sobre nós. Devemos ser inocentes quando acusados, completamente livres de qualquer coisa que manche ou deslustre nosso testemunho (I Tes . 5:22; II Tim. 2:22,23).

Finalmente, como cristãos devemos ser "irrepreensíveis." A palavra significa "aquele que não é chamado a aparecer diante da tribunal" (I Tim. 3:10; Tito 1:6,7). Aqui Paulo vai um passo mais adiante; devemos ser não somente puros e inocentes, mas também inacusáveis. Nestes dias de "culpa por associação" devemos ser cuidadosos para nada fazer que possa ocasionar o tropeço de um irmão. Paulo sentia que isto era tão importante que escreveu sobre o assunto três capitulos aos coríntios (I Cor. 8-10) e um aos Romanos (14).

Tudo do nosso testemunho cristão é primeiramente vista por Ele. Vivemos DIANTE DELE e às Suas vistas. O mundo erra em seu julgamento, e certamente assim sempre será, mas Deus não erra (Rom. 2:2,11) .

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1 Vide Tiago 2:1-9 (tratar todos os semelhantes em amor) Rom. 13:13 (viver honestamente); Mat. 6:1-4 (dar aos que necessitam) Rom. 12; e passagems semelhantes.

2 Estas 2 palavras são praticamente sinônimas:

Enquanto elas se confundem em alguns pontos, a primeira inclina-se mais para habilidade latente, Mat. 25:15; I Cor. 4:19. Kratos, por outro lado, traz a idéia de força ou domínio "expresso" e é usada somente para Deus no Novo Testamento.

3 A palavra santos aparece 59 vezes no Novo Testamento, quase sempre referindo-se aos crentes vivos. Três passagens (de Paulo) podem ser tomadas como referência aos crentes que foram para a glória (I Cor. 6:2; Col. 1:12; I Tess. 3:13) enquanto duas outras definitivamente referem-se a crentes, embora seja difícil determinar-se exatamente se estão mortos ou vivos (Ef. 1:18; II Tess. 1:10). Das 19 citações extra-paulinas da palavra, todas, com exceção de três, referem-se a crentes vivos; uma dessas três (Mat. 27:52) refere-se a personagens do Velho Testamento e duas (Apo.11:18; 19:8) a pessoas do Novo Testamento. Desde que os santos referidos no Livro do Apocalipse apresentam as características de crentes renascidos (vide especialmente 14:12; 17:8), a responsabilidade de provar repousa sobre aqueles que sustentam o contrário que eles não são membros da Igreja militante. Não há base no Novo Testamento para a interpretação do Catolicismo Romano destas palavras. Mais de 90% das passagens referem-se a crentes vivos independente de suas vidas ou milagres operados.

4Por exemplo, em João 1:12 é nos dado autoridade ou direito de nos tornarmos fIlhos de Deus. Por outro lado, em Mateus 6:13 é força ou habilidade que pertence a Deus. A palavra em João é exousia, aquela em Mateus é dunamis. Para uma nota adicional para o último vide versículo 11. Para o primeiro, vide Mateus 7:29; 9:6.

5 A versão de Almeida insere "pelo do seu sangue." Quasi todos os manuscritos omitem esta frase que foi provavelmente aditada de Ef. 1:7 da qual é praticamente uma duplicata. Esta omissão em Col. 1:14 afeta a doutrina de que somos salvos pela morte de Cristo no Calvário? Dificilmente, pois a frase está firmemente defendida em Ef. 1:7 e a doutrina ensinada através do Nova Testamento, especialmente em Hebreus. De fato, uma frase mais forte aparece no versículo 20.

6 Protoktistos, um título comum usado entre os filósofos de Alexandria.

7 É verdade que há uma dúvida se o artigo definido existe no texto grego. As duas maiores autoridades para Colossenses (p 46 e B) têm o artigo. Mesmo que Paulo o tenha omitido, o sentido exige que o coloquemos em português e até que lhe demos ênfase.

8 Vide nota de Lightfoot sobre esta palavra, Colossians, pp. 257-273.

9 Quando estivemos nós em relação perfeita com Deus? Possivelmente antes da idade da responsabilidade. Contudo, Paulo provavelmente se refere ao tempo antes de Adão pecar, quando a raça humana através do seu progenitor tinha perfeito acesso à presença de Deus (Vide Heb. 7:9,10).

10 Uma doutrina básica do gnosticismo era que desde que a matéria é má, e Deus é puro espírito, Deus seria contaminado pela matéria. Desde que Jesus Cristo teve um corpo, eles O consideram como o último e menor dos espíritos intermediários entre Deus e o mundo.