VI. Relações Cristãs (2:20-4:6)

 

CAPÍTULO VI

RELAÇÕES CRISTÃS

Tendo terminado o que Deus fez por nós através de Cristo (2:9-19), Paulo agora volta-se para o que deveriamos fazer em nosso viver cristão. Primeiro, ele nos recorda que estamos mortos para o mundo e seus sistemas e fomos ressuscitados com Cristo para uma vida diferente. Temos que ser diferentes daqueles à nossa volta. Para conseguir isto Paulo nos ordena que matemos certas atitudes e particularidades da personalidade e coloquemos outras cristãs em seu lugar. (Vide passagens semelhantes em Ef. 4:17-32). E, uma vez mudado nossos caracteres, devemos fazer tudo para Sua glória.

Paulo em seguida volta-se para a atitude que cada um deve ter com relação às pessoas ao seu redor, especialmente no lar. (Cp. especialmente Ef. 5:22-6:9). "É necessário dois para uma discussão." Ao desenredar tais situações devemos nos lembrar que Deus deu a cada um certas responsabilidades para com o próximo. Os mandamentos que Paulo dá aqui não incluem todos. Antes, formam um modelo pelo qual guiaremos nossas vidas. Há três pares de mandamentos.

Versiculo 20. Voltando-se agora dos avisos negativos (vv. 8, 16, 18), Paulo apresenta alguns aspectos positivos da nossa relação com Cristo. SENDO QUE, ESTAIS MORTOS COM CRISTO. Morrestes de uma vez para sempre! Quando? No momento da salvação e da completa dedicação. Conquanto estas devam ser simultâneas, muitas vezes são separadas por anos de lealdade dividida e infeliz (Mat. 6:24). Esta morte é simbolizada por circuncisão e batismo (vv. 11, 12). Nossa morte com Cristo é um dar as costas à velha maneira de viver e às infrutiferas tentativas de alcançar a Deus por nossas próprias forças.

Desde que eles estão identificados na morte de Cristo, Paulo levanta uma pergunta penetrante: POR QUE? Tudo que fazemos deveria estar sob o penetrante olhar desta palavra por que? Não vos deixeis atar por decretos humanos a menos que eles sejam explicados e entendidos. Tal curso nos leva, ou ao seguimento cego de tradições ou ao abandono do andar cristão. Ambos são frustrações do plano de Deus de que andemos em Cristo. Procurai saber as razões!

Depois do por que Paulo coloca o parêntesis, COMO SE VIVESSEIS NO MUNDO. Onde mais? Por mundo ele certamente não se refere ao planeta, mas sim ao meio espiritual em que o incrédulo e o cristão carnal andam. Viver no mundo é o antônimo absoluto de andar em Cristo. Para terminar a questão, Paulo perguntou, por que VOS CARREGAM AINDA DE ORDENANÇAS? Os decretos dos homens foram rejeitados (v. 8), o peso das leis do Velho Testamento foi eliminado (v. 14). Somos livres então para desobedecer ao nosso bel prazer? (Gal. 5:13). Não! Em lugar de estamos atados por uma multidão de leis, somos livres para guardar os mandamentos de Cristo (João 15:10, Rom. 6:15-23). (Para os decretos que estavam sufocando os colossenses vide vv. 21-23).

Versiculo 21. Paulo enumera em termos gerais três "nãos" que cobrem uma multidão de decretos. NÃO MANUSEIES! NÃO PROVES! NÃO TOQUES! O primeiro e o terceiro são praticamente o mesmo no sentido geral de "tocar." O primeiro abrange a idéia de ligamento a alguma coisa. O terceiro, conquanto significando tocar (Heb. 12:20), também significa tocar de uma tal maneira que cause dano (Heb. 11:28). O não central traz à mente o exército de proibições alimentícias do Velho Testamento, o sonho de Pedro (Atos 10:9-16) e a profecia de Paulo em I Tim. 4:3-5.

Uma lista de Nãos é sempre perigosa porque sufoca o coração, toma muito imperfeitamente o lugar do trabalho de convicção do Espirito Santo, e está sempre pronto a omitir alguma coisa. Novos métodos de viver estão sempre aparecendo. Aqueles que dependem de uma lista de nãos precisam esperar por alguém que passe uma lei: sim ou não. Em lugar de uma lista procuremos princípios básicos cristãos, tais como aqueles em I Cor. 8-11; Rom. 14 para guiar-nos. Acima de tudo sejamos consistentes e como Cristo (Filip. 1:21).

Versículo 22. Qual é então o fim de tais leis? TODOS QUE AS USAM PERECEM. Todos aqui é absoluto, não hiperbólico (1:6). O destino de um é o destino de todos aqueles escravisados a decretos humanos. PERECEM denota decadência ou corrupção e no fim destruição (I Cor. 15:50). A versão da Almeida e a revisão da Sociedade Bíblica afirmam que são os mandamentos dos homens que perecerão. Ao contrário, são aqueles que procuram seguir a lei que são destruidos por aquilo que eles pensavam haveria de salvá-los. Considerai a gradual mas certa queda psicológica de Paulo, quando ele tomou sobre seus ombros o peso impossível da lei (Rom. 7:7-24). A lei mata a ambos, o espírito e a capacidade de obedecer.

A lei foi feita para ser guardada, contudo é o "uso" da lei que traz destruição. Com o passar do tempo as leis existentes são multiplicadas e tomadas mais complexas. O resultado natural é o desenvolvimento de distinções de somenos importância, muitas das quais são inventadas ao redor da lei (Mat. 15:3-6). Nossa vida espiritual não deve depender de "sins ou nãos," mas do amor que temos pelo Senhor Jesus (v. 8). SEGUNDO OS PRECEITOS E DOUTRINAS DOS HOMENS. "Preceitos" e "doutrinas" correspondem à "tradição" e "rudimentos do mundo" no versículo 8. Tradição é um passo, sendo uma interpretação da lei de Deus. Em seguida vem os mandamentos dos homens que tomam o lugar da lei (Mat. 23:16-24). O passo final, tomado pelos fariseus e a igreja Católica Romana, é a contradição da lei de Deus com seus ensinamentos.

Versículo 23. AS QUAIS TÊM, NA VERDADE, ALGUMA APARÊNCIA DE SABEDORIA, mas falta de realidade--refere-se aos versos 20, 21, mais inclui os vários elementos da lei (vv. 11, 14, 16) e filosofia (vv. 8, 15, 18) os quais estavam sendo impostos aos colossenses. Assim como se dá com dinheiro falsificado, aquele que está mais de acordo com o desenho original é o mais perigoso. Paulo mostra três caminhos pelos quais eles procuravam desencaminhar os colossenses: EM CULTO DA VONTADE, HUMILDADE E EM DISCIPLINA DO CORPO. Culto e humildade são encontrados no versículo 18 como a frase qualificativa de anjos. Aqui culto é composta com vontade e refere-se a um sistema de culto voluntariamente imposto ou voluntariamente idealizado. Por consequência, implica em zelo excessivo e perdido. "Humildade" também recebe a força da palavra composta com "culto". Desta forma, refere-se a uma humildade imposta voluntariamente e proclamada pela própria pessoa, humildade essa que era apenas professada--não possuida.

Terceiro, "disciplina do corpo." O grego significa uma demasiada severidade para com o corpo fisico (cp. o próprio procedimento de Paulo em I Cor. 9:24-27). "Manter-se em forma" é necessário para a saúde e para o testemunho, mas o exercício corporal deve sempre ser apenas um meio para este fim (I Tim. 4:8). Quando o rigor ascético resulta na mutilação própria, e o exercício ou a sujeição torna-se finalidade em si mesma, excede o seu valor e está dando abrigo a idéias heréticas.

NÃO EM VENERAÇÃO ALGUMA SENÃO PARA A SATISFAÇÃO DA CARNE. Veneração aqui está em oposição à sabedoria. Há um certo grau de sabedoria humana nestes ensinamentos heréticos, mas não honram a Deus porque são feitos para agradar ou satisfazer a carne. Em vez de vivermos de acordo com nossa natureza mais baixa, devemos nos despojar dos seus desejos. Esta última sentença resume os três elementos do versículo e os declara deficientes (Dan. 5:27).

Capitulo III. Versículo 1. Chegamos a uma segunda (2:20) relacão que temos com o Senhor: PORTANTO SENDO QUE JÁ RESSUSCITASTE COM CRISTO (2:12). "Já" demonstra que ele tinha perguntado "Ressuscitastes com Cristo?" e recebeu um enfático "Sim!" por resposta. Já alguma vez parastes para pensar sobre o que seja ser ressuscitado com Ele? Primeiramente, devemos estar mortos para o mundo, para outras religiões, e mais do que tudo, para o nosso próprio "eu". Então andaremos em novidade de vida divina. Assim como a morte e o pecado não tiveram poder sobre Ele depois da ressurreicão, não deveriam os mesmos ter poder sobre nós (Rem. 6:6-13). Além disso, estamos já de um certo modo nos lugares celestiais (Ef. 2:6). Baseado na nossa afirmacão de que fomos ressuscitados com Ele, Paulo ordena BUSCAI AS COISAS (QUE SÃO) DE CIMA. "Vida num plano mais elevado" não é nem automático, nem fácil. Requer um esforco constante para ser encontrada e alcancada. Devemos perscrutar a vontade de Deus sim, a Deus Mesmo.

Satanaz é o príncipe do poder do ar e seu reino está acima de nós. Contudo não é lá que devemos procurar, mas antes ONDE CRISTO ESTÁ ASSENTADO À DEXTRA DE DEUS. A maior honra e dignidade que um potentado pode oferecer é o direito de assentar-se alguém ao seu lado (Mat. 20:20, 21; 26:64). Há muitas passagens referentes à posicão de nosso Senhor ao lado de Deus. Contudo, a idéia é figurativa e fala de posicão exaltada, de grande poder. Deus näo tem corpo nem senta-se Ele num trono material (João 4:24).

Versiculo 2. Paulo aqui desenvolve o mandamento dado no versículo 1. PENSAI difere de "buscai", em que implica uma atitude permanente. Depois que descobrimos o que Deus tem para nós, devemos manter isto à nossa frente, como um alvo e desejo. NAS COISAS QUE SÃO DE CIMA, E NÃO NAS QUE SÃO DA TERRA. Paulo ordena que escolhamos ou uma ou outra, näo podemos ter a ambas (Mat. 6:24; Josué 24:14,15). Não ha posição neutra: a mera amizade com o mundo é inimizade para com Deus (Tiago 4:4). Adão e a natureza adâmica simbolizam aquilo que é terreno. Cristo, o último Adão simboliza o que é celestial (I Cor. 15:45-49). No que deveis fixar vossa mente e vosso coração? Primeiro de tudo, em Deus e no homem (Mat. 22:37-39). Em segundo lugar, em Seu programa para nossa vida (1:9; Ef. 4:1); boas obras (Ef. 2:10); justiça (1:22; Rom. 6:18). (Para coisas particulares vide também Col. 1:10-12; 3:10, 12-14). Circunstâncias näo devem nos perturbar (Filip. 4:11-13; Rom. 8:28). Nem devem afeiçôes por pessoas ou lugares impedir-nos de segui-lO ao máximo. (Vide adiante v. 4).

Versiculo 3. Por que devemos fechar nossos olhos, ouvidos e coraçöes para o mundo? POR QUE ESTAIS MORTOS. A morte aqui mencionada näo é a morte física Nem é separação de Deus (2:13). Antes, é a mesma mencionada em 2:20. Morte é separação; neste caso separação do mundo e seu mal. Ainda mais, é o darmos as costas à nossa maneira de viver anterior a nossa conversão (vv. 7,8). O tempo do verbo marca isto como uma condicão constante. Estamos mortos para o resto da nossa vida!

E A VOSSA VIDA ESTÁ ESCONDIDA COM CRISTO EM DEUS. Que vida? Certamente não aquela do nosso corpo ou alma. É nossa relação espiritual com Deus e o trabalho esmerado da Sua vontade em nós. Cristo é nossa vida (v. 4) e devemos viver como Ele viveria (I João 2:6). O ideal, quanto à nossa posição, é marchar para o Céu. Diante do trono de julgamento de Cristo aquilo que somos será comparado com aquilo que poderiamos ter sido. O verbo "escondido" não é usado no sentido de alguma coisa que não pode ser encontrada ou vista. Antes, significa que nEle nossa vida está segura (2:3). Nada nos pode separar de Deus (Rom. 8:35-39). Cristo está à mão direita de Deus (v. 1), no lugar de bênção e segurança. "Com Cristo" mostra nossa relação com Ele (2:10). Somos co-herdeiros como Filho de Deus, somos participantes da vida divina. Porque deveríamos nós, como porcos, sempre querer retornar ao lodo do qual fomos tirados?

Versículo 4. QUANDO CRISTO SE MANIFESTAR. Isto pode referir-se a um dos dois eventos: à segunda vinda, ou à Sua glorificação na vida do crente individual. O verbo significa, "descobrir," "trazer à luz" (1:2; Rom. 3:21). Aqui no aoristo passivo, fala de um instantâneo e rápido descobrimento. QUE É A NOSSA VIDA. Como? Fisicamente, Ele nos criou e nos sustenta; espiritualmente, Ele nos salvou, nos guarda e dirige nossa nova vida. Até que nos acheguemos a Ele e mostremos Sua vida na nossa, não começamos a viver. Devemos ser tão semelhantes a Ele que nossa vida seja uma reencarnação da Sua (Filip. 1:21).

ENTÃO TAMBÉM VÓS VOS MANIFESTAREIS COM ELE EM GLÓRIA. Então corresponde a quando e significa "ao mesmo tempo". Com isto concorda o também. Por que Paulo muda de nós para vós? Exclui propositadamente a ele mesmo? Comparado com I João 3:2 este versículo parece referir-se à segunda vinda. Mas Paulo esperava estar ainda vivo e transformado por ocasião do grande acontecimento! (I Tes. 4:15; I Cor. 15:51). O usa que Paulo faz do vós mostra que sua referência não é absolutamente à segunda vinda, mas sim à exaltação e glorificação do Senhor na vida do crente. Vós, porque Paulo tinha já se tornado tão semelhante a Cristo que podia dizer, Sede meus imitadores (I Cor. 11:1). Agora ele procura o mesmo para os colossenses. Aparte dEle não pode haver glória para o cristão (I Cor. 2:7). A mudança em nossos olhares, vida, palavras e adoração é vista por Deus e pelo mundo (II Tes. 1:7-12).

Versículo 5. MORTIFICAI POIS OS (VOSSOS) MEMBROS, QUE ESTÃO SOBRE A TERRA. Pois refere-se aos versos 1-4, especialmente verso 4. "Mortificai" é uma polida maneira de dizer "mate" e é usado para mostrar o paralelo entre o mesmo e "revesti-vos" nos versos 9, 12. O tempo do verbo dá a entender a abolição de uma vez por todas de certas coisas; e a ordem em si dá a entender que há liberdade e aptidão de nossa parte para aceder. Devemos disciplinar toda nossa força e, com o poder de Deus (1:29), destruir estes e todos os males das nossas vidas. Uma vez mortos eles ficarão tolhidos e sem forças para tentar-nos (Tiago 1:14). Mas cuidado! Não brinqueis com qualquer pecado ou mau hábito, pois embora mortos cada um deles tem um tremendo poder de "ressurreição." Podemos destruí-los e, em um momento trazê-los de volta à vida. Quando Paulo diz "membros", pensamos imediatamente nos nossos corpos humanos (Rom. 12:4). Contudo, "membros na terra" realmente significa o mesmo que "carne" (2:11); que são as paixões e desejos da nossa natureza inferior. A palavra significa uma parte permanente da natureza da pessoa (v. 2). É somente por livrarmo-nos dessas âncoras que podemos progredir com Ele.

A lista de Paulo não é exaustiva mas ilustrativa. FORNICAÇÃO, em palavras simples é prostituição, a junção de dois seres humanos fora dos laços do matrimônio (I Cor. 6:15-18). Inclui, igualmente, impureza moral, adultérío (Mat. 5:32) e incesto (I Cor. 5:1). IMPUREZA é de natureza moral. Pode referir-se a motivos confusos (I Tes. 2:3). O APETITE DESORDENADO demonstra emoção violenta. Aqui trata-se de afeições anormais (Rom. 1:26), ou qualquer afeição que se coloque entre nós e Deus. VIL CONCUPISCÊNCIA. Concupiscência indica basicamente um desejo intenso, bom ou mau (Lucas 22:15), embora geralmente usado em um sentido mau no Novo Testamento (Rom. 1:24). Aqui sua vileza moral essencial é vista por seu adjetivo. Por último, Paulo chega à COBIÇA, que é o desejo desordenado por alguma coisa pertencente a outrem (Ex. 20:17; Lucas 12: 15). De fato, vai além do desejo e inclui os desígnios, a rapinagem, a extorsão de alguma coisa pertencente a outrem (Miq. 2:1,2; cp. Amós 8:5,6). Tal paixão destruidora e desejo pelo QUE É pertencente a outrem com acerto é chamada IDOLATRIA. De fato, qualquer coisa que ocupe nossos corações e mentes em lugar de Cristo deve ser chamada assim. Todas essas devem ser mortificadas, removidas de nossas vidas, e deixadas bem atrás, com refugo, ao marcharmos vitoriosos para cima com Ele.

Versículo 6. PELAS QUAIS COISAS VEM. Quais coisas é neutro e refere-se a membros no versículo 5. É por causa de todos esses pecados que o julgamento vem (Rom. 6:23). O verbo vem está no tempo presente (ação continua) e indica um julgamento contínuo. Deus está constantemente controlando o mundo--nada escapa aos Seus olhos ou à Sua justiça. As nossas mentes finitas e mal informadas, muitas vezes parece que os sem-Deus escapam sem pagar o preço dos seus pecados. O salmista pensava o mesmo até que compreendeu os métodos de Deus (73:16-19).

A IRA DE DEUS1 não produz um quadro agradável nas nossas mentes. A ira do homem pode ser muito destrutiva, quão mais a esclarecida e todo-poderosa indignação do Deus Todo-poderoso! A palavra indica a atitude de Deus para com aqueles que continuam a rebelar-se, aqueles que recusam Sua dádiva mais cara. Em adição à atitude a palavra também inclui vingança e punição sobre os obradores do mal (Marcos 3:5; Mat. 3:7). A combinação da perfeita sabedoria de Deus a respeito de todas as coisas e Seu lidar amoroso e paciente para com o pecador faz dEle o único apto a tomar vingança (Rom. 12:19). Como em Rom. 5:8 a frase provavelmente refere-se ao Grande Trono Branco de julgamento dos incrédulos (Apoc. 20:11-15).

Versículo 7. O NAS QUAIS deste versículo difere de "pelas quais" do versículo 6, somente em que aqui a palavra refere-se aos membros individuais nomeados no versiculo 5. É também bem mais amplo do que a lista e inclui todos os pecados e atitudes que caracterizam o incrédulo antes de vir a Cristo. O TAMBÉM implica que o incrédulo ainda anda neles e que o cristão não deve julgá-lo severamente, pois ele mesmo era tão culpado quanto aquele.

Vós ANDASTES remonta ao todo da experiência pré-cristã como uma unidade. Agora somos ordenados a andar de tal maneira que glorificará nosso Senhor (2:6; I João 2:6). QUANDO VIVIEIS NELAS. Notai que aqui vivieis e andastes são sinônimos. Estas coisas são o ambiente do incrédulo no qual ele folga, cresce e se desenvolve. Somente a graça de Deus pode tirar uma pessoa de tal situação e dar-lhe o poder de não retornar (Rom. 7:15-25).

Versículo 8. MAS AGORA VÓS MESMOS é uma enfática chamada a terminar o trabalho começado na conversão, i. é, DESPOJAI-VOS de todos os remanescentes da velha vida do pecado. Devemos renunciar a tudo que não é de Deus (cp. Filip. 3:7,8). Devemos gravar Suas palavras. Devemos também fazer o esforço DE afastar TODAS AS COISAS que não trazem honra e glória a Ele. TAMBÉM aqui significa "em adição às coisas nomeadas no versículo 5." Apesar de todas as coisas serem literalmente a mesma frase encontrada em 1:16, tem um sentido inteiramente diferente. Aqui uma frase complementar "como o seguinte" deve ser entendida.

Os pecados que ele nomeia são uma continuação daqueles encontrados no versículo 5. (Para uma passagem semelhante vide Ef. 4:25-31). IRA. Nem toda a ira e má (v. 6; Ef. 4:26). Mas desde que nossos ressentimentos nunca são imparciais e são sempre construidos sobre conhecimento imperfeito, melhor é deixá-los inteiramente de lado (Tiago 1:19, 20). Ambas, a vingança e a ira pertencem a Ele. CÓLERA é quasi sinônimo de ira e significa "uma forte emoção" ou "paixão da mente" (Atos 19:28). Enquanto que ira é mais uma disposição da mente, cólera é uma coisa ligeira, aquele momento de intensa raiva misturada com um desejo incontrolável de tirar vingança ou de destruir aquilo que atrapalha nosso caminho. MALÍCIA ven da palavra traduzida vil do versículo 5 e significa "depravação" (Ef. 4:31; Atos 8:22). Como a ira, é mais uma atitude do que um ato único. Nem a ação nem a atitude deveriam caracterizar o cristão. BLASFÊMIA é o ato de falar desrespeitosa e irreverentemente das coisas divinas, a censura atirada na face do Todo-poderoso (Mat. 12:31, 32). Finalmente, PALAVRAS OBSCENAS. Conversa tola ou vil, linguagem indecente ou desonrosa--todas ficam debaixo desta classificação (Ef. 4:29). Nossa linguagem é um sinal audível daquilo que ocupa nosso íntimo (Mat. 12:33-37). Se bem que palavras decentes não provem a existência de um coração limpo, palavras vis certamente demonstram um coração impuro. Daí Paulo acrescentou com grande sentimento, DA VOSSA BOCA. Esta frase é o complemento de despojar e se refere a todos os cinco pecados nomeados, mas especialmente aos dois últimos. Em vez de "poder tanto dizer quanto pensar" (Vide Mat. 5:28), não devíamos men pensar nem muito memos dizer tais coisas. Elas não tem lugar no coração e na vida do cristão.

Versículo 9. NÃO MINTAIS. Mentir é mudar os fatos e figuras com intenção de enganar. Deus é verdade (Deut. 32:4) e acha a mentira um dos pecados mais odiosos (Prov. 6:16-19). Não há lugar para mentirosos no Porvir (Apoc. 22:15); e por boa razão, pois Satanaz é o pai deles (João 8:44). Em caso algum permite Deus a mentira como um meio de obter Sua vontade. Não há lugar nem mesmo para a mentira social. Não se podendo dizer a história toda, devemos ser cuidadosos para que o que dissermos não mude a "côr" do todo e dê uma impressão falsa. Jesus Cristo é a verdade, e nós O representamos perante o mundo. UNS AOS OUTROS. Não apenas para os irmãos, mas para todos os homens e isto sempre. Também devemos ser sinceros conosco, no que dizemos a respeito à nossa própria pessoa. É tão fácil enganarmos a nós mesmos e nos convencermos de que somos aquilo que não somos.

A segunda parte deste versículo é uma confirmação dos versos 5-8. POIS QUE JÁ VOS DESPISTES é o mesmo verbo usado em 2:11, 15. É um verbo forte trazendo a idéia de "renúncia completa." Aqui é paralelo a mortificai e despojai-vos (vv. 5,8). Pode alguém ter alguma vez vitória completa sobre o pecado, enquanto ainda no corpo? Gálatas 5 e a experiência humana parecem dizer não. Contudo somos ordenados a ser perfeitos (1:22). Pela experiência sabemos que uma vitória sobre o pecado nos leva a uma seguinte, cada uma tornando-se mais fácil. (Vice-versa é também verdadeiro). Geralmente pecamos, não na ignorância, mas porque queremos pecar! Desde que não podemos por a culpa na tentação (I Cor. 10:13) e desde que Ele está sempre pronto a ajudar-nos a vencer (Filip. 2:13), a culpa cai inteiramente sobre nós e nossa falta de fibra.

Devemos renunciar a O VELHO HOMEM COM OS SEUS FEITOS. Aqui velho homem se refere à natureza humana pré-cristã, à carne (2:11), aos membros (3:5). Aquilo que somos se reflete nas palavras, ações e desejos. "Daquilo que sai do coração fala a boca" (Mat. 12:33-37).

Versículo 10. E VOS VESTISTES é "vestir-se a si mesmo" (Mat. 22:11). Aqui temos a término da alteração da nossa personalidade e natureza. Temos que nos vestir DO NOVO HOMEM, pois nos tornamos novas criaturas em Cristo (II Cor. 5:17). É uma coisa receber vida nova e outra bem diferente vestirmo-nos da mesma e vivê-la (Rom. 6:4). Este novo homem é criado na justiça e santidade (v. 12; Ef. 4:24).

QUE SE RENOVA. O verbo significa "transformar, "receber forças novas." É um processo constante? O tempo presente do verbo indica que é (II Cor. 4:16). O alvo é que cada um chegue AO PLENO CONHECIMENTO das possibilidades em Cristo. Cada um de nós pode conhecer perfeitamente o programa que Deus tem para si (1:6, 10). Não é apenas uma questão de saber, mas de viver (João 14:21) SEGUNDO A IMAGEM DAQUELE QUE O CR1OU. Impossível? Talvez. Contudo somos chamados à tão alta obrigação. Cristo tinha em Si Mesno os atributos da divindade (1:19; 2:9). Agora é pela medida do Filho de Deus que devemos viver (I João 2:6) e pela qual seremos julgados (Ef. 4:13). A tremenda altitude da estrela que devemos alcançar é vista em que não é Jesus o Homem, mas Cristo o Criador o nosso modelo. Naturalmente, isto é impossível nas nossas próprias forças, mas com Seu auxílio somos capazes (1:29; Filip. 4:13).

Versículo 11. ONDE NÃO HÁ, isto é, em cujo estado não existem as diferenças mencionadas neste versículo. Qual estado? O da marcha para a perfeição. GREGO NEM JUDEU. Estas eram palavras aterradoras escritas em um período de tremendos preconceitos de raça, religião e de classe. O Evangelho tem sido um grande nivelador. No Novo Testamento muitas vezes grego aparece no lugar de gentio (Rom. 1:16), por ser aquele povo que havia de melhor no mundo pagão. Os judeus gozavam de tremendas vantagens por terem nascido no povo de Deus (Filip. 3:4-6). Contudo neste renovo do homen interno, vantagens ou desvantagens raciais não contavam. Diferenças religiosas foram também anuladas. CIRCUNCISÃO NEM INCIRCUNC1SÃO. Este sinal da velha aliança foi anulado pelo sacrifício de Cristo (2:11; Rom. 2:25-29). Ele derrubou este muro de separação e fez uma nova familia espiritual sem distinção (2:14; Ef. 2:11-20).

BÁRBARO para o grego, como gentio para o judeu, significava todos os outros povos. Ambos são ligeiramente equivalentes ao nosso "estrangeiro." Uma vez que os estrangeiros geralmente não falam corretamente, a palavra bárbaro veio a significar ignorante ou inculto. CITA, o povo considerado o climax do barbarismo, da rudeza. O ESCRAVO tinha pouca ou nenhuma oportunidade de dirigir sua própria vida. Contudo não era para ele procurar a liberdade, mas sim servir a Deus na condição em que se encontrasse (Ef. 6:5-8: I Cor. 7:20-24). Aquele que era LIVRE, por outro lado, não estava restrito em seus movimentos (I Cor. 12:13). Servo e livre abrange todo mundo. Desde que nem hereditariedade, nem ambiente, (nem o próprio Deus) podem ser culpados do nosso fracasso em conseguir restringir os preconceitos racial e de classe, a culpa recai sobre nossa própria porta, em nossos próprio corações e vontade.

AO CONTRÁRIO, CRISTO É TUDO EM TODOS. Não no sentido panteista. Ele é tudo para nós e por nós: Criador, Salvador, Irmão, Intercessor, Alvo. Não temos necessidade de procurar ninguém mais. De fato, não devemos, pois nenhum outro servirá. Assim como 1:16 expressa Sua onipotência, e 2:3 Sua onisciência, assim este versículo declara Sua onipresença.

Versículo 12. Chegamos agora so desenvolvimento final de nossa relação com o mundo e Cristo:

Estais mortos (2:20), então mortificai... (3:5)

Estais ressuscitados (3:1), então revesti-vos... (3:12)

REVESTI-VOS, POIS, é o mesmo verbo encontrado no versículo 10. Ali uma condição é estabelecida, aqui uma orden é dada para desenvolver a coisa evidente recebida. COMO ELEITOS DE DEUS. Nossa eleição foi efetuada antes da fundação do mundo (Ef. 1:4) por meio da preciência de Deus (I Pedro 1:2). Fomos escolhidos para ser um povo especial para Deus (Tit. 2:14; I Pedro 2:9). Como em 1:2 SANTOS aqui refere-se à nossa posição diante de Deus. E AMADOS. O amor de Deus foi extendido a nós apesar do nosso pecado e inimizade para com Ele (Rom. 5:8). O tempo do Particípio indica que éramos e somos amados por alguma coisa que aconteceu no passado, a saber, a morte do Seu Filho na cruz.

Agora chegamos à lista das coisas com as quais devemos nos revestir. Assim como os "membros" (v. 5) assim o "novo homem" (v. 10) involve certas particularidades da personalidade. Três destas cinco são também dadas em Gál. 5:22, 23 como o fruto do Espírito. DE TERNOS AFETOS DE MISERICÓRDIA. A versão de Almeida traduz "entranhas de misericórdia" porque a primeira das duas palavras gregas refere-se aos principais órgão internos, especialmente os intestinos (Atos 1:18). Estes órgãos eram considerados a séde das paixões e afeições mais profundas. (Vide Filip. 1:8; Lucas 1:78). A segunda palavra grega nests frase combina a idéia de "dó" e "bondade" e é provavelmente melhor traduzida em português por compaixão (Rom. 12:1).

BENIGNIDADE combina a idéia de "bondade" e "ajuda" (Ef. 2:7). Nosso amor pelos outros deve resultar em mais do que palavras (Tiago 2:15, 16). HUMILDADE. Esta é a mesma palavra que aparece em má companhia em 2:18,23. A modéstia aqui exigida é o oposto do sentimento de "importância". Aquele que é verdadeiramente humilde cumprirá automaticamente o mandamento dado em Filip. 2:3. Quando vos sentirdes importantes, lembrai-vos de que nada do que sois e do que tendes é vosso: é vos dado, em confiança, por Deus (Lucas 19:12-26). MANSIDÃO, muito semelhante à benignidade, dá ênfase à suavidade pela qual deveríamos ser conhecidos. Isto não implica que devamos ser levados a torto e a direito mas antes tem em vista nosso trato ao semelhante (I Cor. 4:1). Finalmente, LONGANIMIDADE. (Vide nota sobre 1:11).

Versículo 13. A idéia de longanimidade (v. 12) é difundida por dois adjetivos verbais: SUPORTANDO-VOS UNS AOS OUTROS E PERDOANDO UNS AOS OUTROS. O primeiro significa "aguentar," "sofrer" e até "permitir que outros andem sobre" vós, vossas idéias e vossos planos (I Cor. 6:7). O segundo implica não somente uma diferença de opinião ou método, mas também que alguém foi ofendido. Em tal caso não devemos somente suportar ao irmão, mas também perdoá-lo, cancelar a sua divida (Lucas 7:42). Dizer, "Eu perdôo, mas não esqueço" pode ser tudo, menos cristão. "Mas ele se virará e se aproveitará de mim", dizeis vós. Então, o que foi que nosso Senhor aconselhou? Mat. 18:21,22! Não. devemos guardar rancor ou mesmo uma lembrança da transgressão.

SE ALGUÉM TIVER QUEIXA. Se qualquer irmão tem uma justa razão para pedir satisfação de um outro, deve seguir o processo em esboço de Mat. 18:15-17. A dificuldade com a maioria de nós é que falamos contra nossos irmãos quando realmente não temos base para nossas queixas. CONTRA OUTRO. Provavelmente refere-se a outro irmão, se bem que devamos também perdoar incrédulos, como fez nosso Senhor (Rom. 5:8). ASSIM COMO CRISTO. Da mesma maneira e com a mesma largueza com que nosso Senhor, o Juiz (João 5:22-27, 30) perdoou, assim devemos nós. Ele pagou um preço terrível por nosso perdão, o qual não foi imposto a Ele. Ele fez isso por amor. Ele é chamado Senhor aqui para lembrar-nos de que não foi o Jesus humano, mas o exaltado Criador e Legislador do universo quem sofreu em nosso lugar. VOS PERDOOU. Muito mais do que murmurar apenas palavras polidas, "estais perdoados", ou esquecendo o que existia contra nós, Ele pãaou o preço total da "queixa" que Deus tinha contra nós. Ele apagou o registro e nos restaurou a uma posição correta diante de Deus. ASSIM TAMBÉM VOS. Agora Paulo insta conosco que perdoemos a outros da mesma maneira; assim também vós. É pedir demais? Não pediu já nosso Senhor o mesmo? (Mat. 18:23-35).

Versículo 14. E SOBRE TUDO ISTO significa que, em adição a tudo o mencionado nos versículos 12, 13, o seguinte é a pedra angular e é isto que dá vida e significação ao novo homem (v. 10). (REVESTI-VOS DO) AMOR. Ele louvou-os pela sua caridade em 1:4. Agora deseja que eles aumentem e desenvolvam um amor perfeito por todos os homens, a marca do cristão (João 13:35). Amor é "o melhor caminho"! Antes de concluir que tendes este amor, considerai se daríeis ou não vossa vida por qualquer pessoa, especialmente um inimigo (João 15:12, 13)!

QUE É O VÍNCULO DA PERFEIÇÃO. Amor contém todas as graças juntas no novo homem e atrai através delas o cristão para a perfeição. A palavra traduzida vínculo consta em 2:19; Ef. 4:3; Atos 8:23, e significa "prender com cadeias." Tão grande é o amor que sem ele as outras graças tornam-se sem significação. Por ela o novo homem é moldado na imagem do Criador (v. 10).

Perfeição aqui significa "tendo a qualidade de ser perfeito." (Vide 1:28; 4:12). Como posso eu alcançar a perfeição? É possível ser perfeito? Em primeiro lugar deve ser possível, ou Jesus não o pediria (Mat. 5:48). Esforços par guardar a lei, contudo, não o conseguem, nem o consegue o poder da carne. Tanto a oração como a paciência ajudam (I Pedro 5:10; Tiago 1:4). Mas como vimos neste verso, o amor é fator que vincula. Devemos nos vender completamente a Deus (vv. 5,8; Mat. 19:21) e andar em união com Cristo (2:10; João 17:23). Devemos procurar amar do íntimo a todos.

Versiculo 15. E A PAZ DE DEUS. Deus está desejoso de nos dar paz--não a ausência da guerra, contenda, ou mesmo problemas. Ao contrário, é a integração da personalidade no meio da barafunda do século vinte (João 16:33). Uma personalidade integrada é aquela que tem todas suas partes individuais plenamente desenvolvidas e em harmonia com todas as outras partes, aquela que as tempestades da vida não podem desarraigar. Como? Pondo em prática os mandamentos e exortações encontrados entre 2:20 e 3:14.

Não somente deveis deixar a paz entrar, mas deixar que ela DOMINE EM VOSSOS CORAÇÕES. A paz deve ser predominante em nossa natureza, deve superintender nossa luta diária e deve governar nossos corações enquanto procuramos as soluções para nossos problemas. Por que ele diz corações? Na análise final nossos corações, isto é, nossas emoções e desejos, tem controle de nossas vidas. Até mesmo a vontade e a mente inclinam-se diante das afeições. PARA A QUAL TAMBÉM VÓS FOSTES CHAMADOS. Antes da ordem, veio o chamado à paz do coração. O enfático vós fortalece o conceito de que Deus nos escolheu a cada um individualmente, e isto antes da Criação (Ef. 1:4). Conquanto chamados separadamente, devemos ser uma unidade, a Igreja: "em um corpo" (1:18, 24). Aqui está unidade na diversidade (I Cor. 12). Um lugar onde a paz deve reinar é na igreja. Que não haja nela a paz, não se pode culpar o pastor ou qualquer outra pessoa. Vós e eu somos os culpados. Até que a paz seja uma carcterística da vossa vida e da minha, nunca o será da igreja local.

Ao fim da sentença Paulo liga outro mandamento, aparentemente sem relação: E SEDE AGRADECIDOS. Paz não é trégua armada, mas antes reconciliação com Deus. Antes que possamos ter paz com Ele e conosco mesmos, toda nossa vida deve ser modificada (2:20-3:14). Isto é o que a salvação significa! Em vez de ficamos taciturnos e renitentes, alegremo-nos com a transformação. Deveríamos irradiar agradecimentos e glorificar a Deus pelo privilégio (1:12).

Versículo 16. A PALAVRA DE CRISTO HABITE EM VÓS ABUNDANTEMENTE é o nono2 e último mandamento sobre o desenvolvimento da personalidade cristã. Permiti que esta mensagem sobre Cristo penetre e encha vosso coração. Deixai que ela faça isto por ouvir atentamente, muita leitura, estudo profundo e meditação constante. Devemos conhecer a Bíblia inteira, mas especialmente todo o Novo Testamento. Neste caso abundantemente significa "grandemente" ou "ricamente." EM TODA A SABEDORIA. Não do mundo, mas sabedoria di-vina (I Cor. 2:5-8). (Vide 1:9; Ef. 1:8). Não é suficiente conhecer e até mesmo decorar a Palavra. Não! Devemos meditar nela até que entendamos o significado de cada passagem (v. 2). Procuremos mais sabedoria (Tiago 1:5; I Cor. 2:16) e não apenas mais conhecimento.

ENSINANDO-VOS E ADMOESTANDO-VOS são os mesmos verbos usados em 1:28. Aqui, contudo, ambos são dirigidos para o cristão (II Tes. 3:15). Em lugar de argumentar ou repreender devemos guiar para um mais profundo conhecimento da verdade. Para aqueles que persistem nas idéias ou ações heréticas, devemos prevenir quanto às consequências (Tito 3:10; II Tim. 3:16). UNS AOS OUTROS, indica que o ensinamento e a admoestação não deve ser entregue somente ao pastor. Não, todos nós somos prelados na casa de Deus (I Pedro 2:9). Cada um deve ajudar seu irmão.

Paulo mostra três maneiras pelas quais podemos ensinar e admoestar a outros; POR MEIO DE SALMOS, HINOS E CÂNTICOS ESPIRITUAIS. O primeiro se refere a cânticos sacros, especialmente aqueles do Velho Testamento. O segundo se refere a cânticos de louvor e adoração a Deus (Atos 16:25; Heb. 2:12). A última é a palavra comum para cântico. O adjetivo espiritual pertence especialmente à última palavra e indica que os cânticos devem estar em contraste com os mundanos e carnais. CANTANDO COM GRAÇA EM VOSSO CORAÇÃO, isto é, cantando graciosamente. Nem todos tem uma voz bonita, nem é isto necessário. Para Deus a beleza consiste em que o cântico venha ou não do coração. Muito freqüentemente cantamos melodias e palavras para "efeito." Mas nosso cântico deve ser dirigido A DEUS, não a homens. De maneira que, nossos cânticos devem louvar e glorificar a Ele, e preparar nossos corações para adorá-lO.

Versiculo 17. E TUDO O QUE FIZERDES. Paulo agora resume o propósito do crente e a direção para a sua vida. Fizerdes pode ser aplicado a tudo que tivermos em mente, toda ação clara. POR PALAVRA OU POR OBRAS. A referência é especialmente para nosso testemunho cristão. Nosso ensino levanta e exalta o Senhor Jesus ou estamos nós propensos a ir atrás das idéias dos homens (2:8; 18, 19)? Uma vez que o silêncio em certas ocasiões é tão eloqüente quanto o falar, seremos igualmente julgados por ele. Quantas oportunidades temos perdido? Fomos salvos para fazer boas obras (Ef. 2:10). Contudo é possível fazer Sua obra de tal maneira que traga desonra sobre Ele (Rom. 2:17-24).

FAZEl TUDO EM NOME DO SENHOR JESUS. Tudo é absoluto e compreende toda ação (I Cor. 10:31). No nome do significa "para a glória do" (João 14:13). Não devemos ser teimosos e rebeldes em nosso serviço. Ao contrário, devemos estar DANDO POR ELE GRAÇAS A DEUS PAI. Regozijo e gratidão a Deus formam um caminho no qual podemos andar dignos de Cristo (1:12). Como cristãos, felicidade assim como amor devem ser nossa marca de identificação (3:15). Transportamos nossos agradecimentos a Deus por meio de Jesus Cristo. Como? Pelo louvor em Seu nome, por agradecermos como Ele o faria (Ef. 5:20). Fora de Jesus não temos acesso a Deus, nem mesmo para agradecer-lhe.

Versículo 18. ESPOSAS, ESTAI SUJEITAS A VOSSOS PRÓPRIOS MARIDOS. Temos sempre certos versículos "difíceis" aos quais ignoramos. Este é um que as mulheres cristãs geralmente afastam e ao qual seus maridos se apegam. Os homens, contudo, não tem direito de forçar suas esposas a serem obedientes; pois a submissão requerida não é aquela pedida nem da criança nem do escravo (vv. 20,22). Ao contrário, é uma obediência voluntária A esposa deve subordinar-se voluntariamente. Conquanto normal para todas, é mais dificil para aquelas .que tenham sido independentes por um certo número de anos. Contudo esta atitude deve tomar o lugar do primitivo espírito independente. Assim como Cristo é a Cabeça absoluta da Igreja, assim, o homem deve ser a da mulher (Ef. 5:23, 24; I Cor. 11:3-9). Uma jovem deve ser cuidadosa na escolha do homem com quem se casar, para que este possa exigir seu respeito e obediência.

Sabendo que algumas pessoas, ainda mesmo em seus dias, objetariam, Paulo adicionou, COMO CONVÉM NO SENHOR. Deus os tinha feito "um" e não deveria haver dúvida quanto a "qual esse um." Assim como uma pessoa de duas cabeças não pode subsistir, assim é com uma família de duas cabeças. As pressões e esforços são demasiados, e o desquite fácil demais. A frase no Senhor não é uma limitação da sua obediência às coisas de Deus. Ao contrário, sua submissão deve ser digna do Senhor e glorificá-lO (v. 17).

O versículo 19 completa o versículo 18. MARIDOS, AMAI A VOSSAS MULHERES, E NÃO AS TRATEIS COM AMARGURA. É da natureza humana que os homens na sua ansiedade pelo versículo 18, negligenciam este mandamento feito para eles! Muitas vezes a natural inclinação da esposa para ser submissa é frustrada pelo fracasso do marido em cumprir com este versículo. Antes de definir o significado do amor aqui, devemos notar duas coisas que ele não significa. Primeiro de tudo, ele não está aconselhando contra relações extra-matrimoniais. Isto teria requerido uma afirmação mais explícita. Nem está ele se referindo ao amor normal que um homen tem por sua esposa. Isto ven naturalmente sem qualquer mandamento. O verbo usado para amor é o mesmo usado para amor divino e indica uma afeição dominante pelo outro. Muitos entram no casamento com paixões inflamadas e o desejo de obter dele tudo que puderem. Cristo nos amou tanto que deu Sua vida por Sua Noiva. Assim, o marido deve amar sua esposa como a si mesmo (Ef. 5:28,29), e ainda mais do que a si próprio.

Aquele que ama sua esposa desta maneira não há de ser áspero ou rude com ela. Isto seria inconsistente com o amor. Em outras palavras, o marido não deve usar o versículo 18 como uma clavs para forçar sua esposa à submissão, mas sim o amor.

Versículo 20. FILHOS. Não os pequenos, mas filhos e filhas que tenham chegado à adolescência (Gál. 4:1). Aqui a palavra indica a relação entre filhos e pais. Traz à mente os sacrifícios dos pais para criar os filhos. OBEDECEI A VOSSOS PAIS. O verbo aqui é completamente diferente daquele do versículo 18. Aqui a ordem é para ouvir, para aceitar submissamente e obedecer (Atos 12:13, 6:7; Mat. 8:27). Nem devemos nós obedecer de má vontade. Ao contrário, Deus deseja que cada um se submeta voluntariamente e com obediência amorosa a seus pais. EM TUDO significa "com respeito a tudo." Mesmo o verso paralelo em Efésios (6:1) não limita a obediência requerida. Como em Col. 3:18, a frase no Senhor em Efésios significa que a obediência é para ser rendida como ao Senhor e por Sua glória. Que este é o sigmificado está visto pelo final deste verso: POR QUE ISTO É AGRADÁVEL AO SENHOR. A frase pode ser aplicada a todos os 6 mandamentos (3:18-4:1), mas é mais apropriada aqui, pois os jovens estão no período de transição, no qual o espírito de independência é muito forte. Dest'arte, é natural para eles rebelarem-se, serem autosuficientes e "sabe-tudo". Contudo, são ainda crianças e têm uma dívida tremenda para com seus pais e parte desta dívida pode ser paga por obediência pronta e voluntária. Somente em casos em que os pais requeiram alguma coisa contrária à revelada Palavra de Deus têm os jovens razão para desobedecer.

Versículo 21. PAIS. Na sociedade antiga o pai era inquestionavelmente a cabeça do lar e, desta forma, o único apto a ser culpado de quebrar este mandamento. Com o crescimento do poder e prestígio da mãe na sociedade moderna, deve também a elas ser aplicado este mandamento.

NÃO IRRITEIS A VOSSOS FILHOS, que é, não os "provoqueis demais", ou não os "exaspereis". Não os "forceis" à ações drásticas. Em vez de importunar, a atitude do pai deve ser semelhante aquela exigida no versículo 19. Tratai-os como seres humanos, respeitai suas idéias e não espereis deles coisas desrazoadas. Por outro lado, Paulo não quer dizer que as crianças são livres de sujeição ou que devem tomar conta da casa. Elas devem estar em sujeição (v. 20; I Tim. 3:4, 12). Há uma hora para a punição, se bem que esta sempre deva ser para o bem das crianças, não apenas para dar alívio a emoções recalcadas da parte dos pais (Heb. 12:5-11).

A razao para a repressão paterna é PARA QUE, as crianças, NÃO PERCAM O ÂNIMO. Isto é, que fiquem desgostosas. Punição é para ensinar e desenvolver o caráter da criança, não para quebrantá-la ou para ser causa de que ela perca a confiança e respeito a seus pais.

Versículo 22. ESCRAVOS. Na escala dos direitos pessosis o escravo vem por último. Ele está completamente à mercê do seu senhor. Se o escravo deve esforçar-se por bem servir so seu senhor, quanto mais devemos nós servir aqueles que nos empregam e nos pagam mais do que meramente nossa casa e comida? OBEDECEI EM TUDO. Exatamente o mesmo do versículo 20. Obediência absoluta! A única exceção seria em seguir um mandamento que estivesse definitivamente em oposição à revelada vontade de Deus. Obediência deve ser rendida A VOSSOS SENHORES SEGUNDO A CARNE. Aqui, senhor significa "patrão", 'dono" e, num sentido, "um deus", pois ele controlava a vida e a morte de seu escravo. Mas o controle e influência dos nossos senhores ou empregadores terrenos são limitados a esta vida física. Eles não podem tocar nossas almas, exceto se nós o permitirmos (Lucas 12:4,5).

Aquilo que é requerido NÃO é para ser feito SERVINDO APENAS SOB VIGILÂNCIA, COMO PARA AGRADAR AOS HOMENS. Sob vigilância significa "trabalhando quando vistos." Os que assim procedem não tem interesse no trabalho em si. Seu intuito é ver que seu trabalho seja notado e, ao mesmo tempo, esforçar-se o mínimo possível. Tal atitude não tem lugar entre cristãos. Ao contrário, devemos apresentar um trabalho o mais perfeito possível para agradar tanto ao Senhor como ao nosso patrão. MAS EM SINGELEZA DE CORAÇÃO, TEMENDO A DEUS. Não com motivos dúbios, mas com sinceridade e simplicidade de propósito. Ao servir os homens devemos trabalhar no temor do Senhor, temor no sentido de respeito, mas também com seu significado normal de "terror" (Heb. 12:28, 29; II Cor. 5:11). Em vez de sermos tão "familiares", tão íntimos com Deus, lembremo-nos de que tudo que fizermos deverá glorificá-lO. Em contraste com os muitos senhores, Ele é O Senhor (I Cor. 8:5, 6). Nós temos um Senhor e devemos servi-lO prazerosamente. (Mat. 6:24).

Versículo 23. TUDO QUANTO FIZERDES. Esta frase é muito semelhante na forma e significado ao começo do versículo 17. FAZEI-O DA ALMA. Enquanto que no versículo 17 é apenas subentendido o segundo verbo; aqui o verbo é ao mesmo tempo incluido e trocado por um mais forte, trabalhar. Alma é quasi sinônimo de "coração" (v. 22) e se refere aos mais íntimos anseios e desejos do nosso ser. Em vez de temos motivos superficiais ou monetários, nossas vidas devem ser dirigidas por princípios profundamente arraigados. Nossos esforços como cristãos devem ser feitos como ao Senhor e não aos homens. Isto é uma confirmação da última parte do versículo 22. Algum homem pode ser nosso patrão ou juiz hoje e amanhã, mas Deus está sempre no trono e é para com Ele que temos responsabilidade (v. 24).

Versículo 24. SABENDO QUE RECEBEREIS DO SENHOR O GALARDÃO DA HERANÇA. Graças a Deus nossa fé não é baseada em conjectura ou filosofia de homem (2:8). Podemos saber, isto é, ter certeza de que nosso trabalho será julgado por um Deus imparcial. Este verso é uma resposta ao "por que" levantado no versículo 23. Tudo que temos e somos veio dEle como um depósito. Não somente isso, mas nossa recompensa futura ou pagamento vem dEle (I Pedro 1:4). Ao contrário de 1:23 não há dúvida implícita ou afirmada. Como herdeiros de Deus recebemos nossa justa retribuição no dia do trono do julgamento de Cristo (II Cor. 5:10).

Versículo 25. Porque A CRISTO, O SENHOR, SERVIS. Paulo conclui este parágrafo dirigido aos servos ordenando enfaticamente a eles que sirvam a Jesus Cristo. Conquanto haja "senhores segundo a carne" (v. 22), esta é a quarta vez, a contar daquele versículo, no qual Paulo chama nosso Salvador pelo mesmo termo, Senhor, para contrastar o único com os muitos. Aqui ele acrescenta Cristo para relembrar-nos da Sua missão e sacrifício em nosso benefício. Daí, nenhum serviço é pesado demais para ser exigido de nós por Ele.

MAS QUEM FIZER INJUSTIÇA RECEBERÁ PELAS INJUSTIÇAS QUE FIZER. Paulo está falando aqui sobre crentes, pois aqueles que estão perdidos já estão condenados (João 3:18). Alguns de nós serão rudemente despertados quando, em vez de receberem coroas, forem punidos (João 15:6). A esta afirmação estrondosa Paulo acrescenta o aviso, E NÃO HÁ ACEPÇÃO DE PESSOAS (Rom. 2:11). Deus é imparcial. Pecado é pecado, mesmo quando cometido pelo crente (Heb. 12:28,29).

Capítulo IV. Versículo 1. Os donos de escravos (3:22), autoridades temporais, empregadores, todos aqueles a quem Deus confiou riqueza e poder são chamados SENHORES. Deles é o último neste ciclo de seis mandamentos envolvendo relações sociais (3:18-4:1). Em vez de "rude individualismo", eles devem FAZER O QUE FÔR DE JUSTIÇA E EQUIDADE A VOSSOS ESCRAVOS. Em lugar de preconceitos da raça, religião ou idade, a cada pessoa que trabalha para nós devem ser dados respeito e tratamento imparciais. Não podemos julgar os outros na base de nossas idéias, nem oprimí-los apenas porque o poder está em nossas mãos. A cada um deve ser dada a oportunidade de desenvolver e usar seus talentos dados por Deus. Como podemos nos cognominar Filhos de Deus e perseguir aqueles que são menos afortunados por sua cor ou credo ou estado social?

SABENDO QUE TAMBÉM TENDES UM SENHOR NOS CÉUS. Que pensamento para humilhar os "grandes e poderosos" das coisas temporais. Notai a diferença entre o que é conhecido da parte do escravo (3:24) e da do seu senhor! Para um uma promessa, para o outro uma admoestação áspera (Cp. Tiago 1:19,10). Como uma base de ação guardemos sempre esta frase na mente, pois somos responsáveis perante Ele, e Ele tem absoluto controle de nossas vidas.

Versículo 2. PERSEVERAI EM ORAÇÃO é eqüivalente ao mandamento dado em I Tes. 5:17. Paulo nos deu seu próprio exemplo em 1:3, 9. Devemos nos ocupar intensamente em procurar bênçãos de Deus. Através de Cristo todos os crentes são feitos sacerdotes e recebem o direito de acesso a qualquer momento a Deus. Não é extranho, então, que o Criador do universo deva implorar a nós que oremos? E não é ainda mais extranho que nós não o fazemos!

Não somente devemos orar, mas devemos fazê-lo constantemente. Não é uma questão do quantas vezes devemos orar ou se orações longas sao mais efetivas do que as curtas. E sim, de que muita oração nos capacita a descobrir o plano de Deus e nos dá comunhão com Ele. Também ajuda a desenvolver o conhecimento dEle, e conhecê-lo é a vida eterna, João 17:3. Orar não somente muda "coisas", mas também a "nós."

VELANDO NELA COM AÇÃO DE GRAÇAS. Não como os discípulos (Mat. 26:40, 41), mas sim vigiando e esperando nEle. Oh, quão facilmente o sono vem aqueles que procuram a oração! Ao contrário, estejamos completamente despertos, apeguemo-nos a Deus quando as forças do mal avançarem contra nós, e quando nós, como a Igreja, devemos avançar contra elas! Enquanto vigiamos devemos ser agredecidos, lembrando-nos de bênçãos passadas e presentes e louvando-O por bênçãos futuras prometidas. (Vide 1:12; 3:15) Com base nas Suas promessas podemos começar a dar graças por respostas que ainda não foram recebidas!

Versículo 3. ORANDO TAMBÉM JUNTAMENTE POR NÓS. Levantai os vossos olhos das vossas próprias necessidades e do trabalho no qual Deus vos colocou e lembrai-vos dos Seus filhos e do Seu programa ao redor do mundo. Não useis o método da oração indefinida: "Senhor abençoa todos os obreiros"; mas sim lembrai-vos das necessidades individuais e dos problemas de cada um (1:9). Paulo não pediu a eles que orassem para que suas penas fossem aliviadas, nem que ele fosse libertado da prisão (v. 18). Muito menos procurava ele que sua vida fosse poupada (Filip. 4:11). Naquela hora negra seu único pensamento era QUE DEUS NOS ABRA UMA PORTA DA PALAVRA. Ele não estava envergonhado do Evangelho, ao contrárío ele procurava oportunidades de proclamá-lo. Procuramos nós o mesmo? "Deus ouve e responde a orações." Escrevendo aos filipenses cerca de um ano mais tarde, Paulo menciona os resultados dessas orações (Filip. 1:12, 13).

PARA FALAR. Ele tinha que falar, não podia permanecer calado (v. 4). Ele queria falar do MISTÉRIO DE CRISTO. O mistério de Cristo é a palavra que Paulo procurava proclamar. Como em 1:5 e 3:16 refere-se à mensagem do Evangelho em geral e à pessoa de Cristo em particular. Aqui Paulo se refere especificamente à verdade revelada sobre nosso Senhor Jesus, Sua pessoa e trabalho como o Messias de Deus. A única oração de Paulo era que ele pudesse fazê-lO conhecido. Que censura dolorosa é esta para aqueles que, ou negam ou simplesmente negligenciam a Cristo! PELO QUAL TAMBÉM ESTOU PRESO. Ele estava pronto a morrer por Cristo, Estamos nós?

Versículo 4. Paulo tinha pedido aos colossenses que orassem por ele, e agora declara o propósito do seu pedido. PARA QUE O MANIFESTE, COMO ME CONVÉM FALAR. Deus deu a Paulo um certo trabalho a fazer, o qual era, pregar o Evangelho (1:25). Ele foi compelido a evangelizar, mesmo que não tivesse querido fazê-lo (I Cor. 9:16, 17). Graças a Deus, Paulo não o fez com má vontade ou relutantemente! Ao contrário, ele tinha a mesma compaixão consumidora que arrastou nosso Senhor em direção a cruz (Mat. 9:36). Somos chamados a ganhar outros para Deus e, como Paulo, deveríamos ser "constrangidos pelo amor de Cristo" a aproveitar toda oportunidade (v. 5; II Cor. 5:14).

Versículo 5. Tendo pedido que eles orassem para que seu testemunho surtisse efeito (vv. 3,4), Paulo agora volta-se e dá-lhes algumas sugestões que os ajudarão a trazer outros a Cristo. Primeiro, ANDAI COM SABEDORIA PARA COM OS QUE ESTÃO DE FORA. Nossos costumes e hábitos diários devem ser governados pela mente divina de Cristo (I Cor. 2:16). "Sede prudentes como as serpentes e símplices como as pombas" (Mat. 10:16). Andar com sabedoria é equivalente a andar nEle (2:6). Nenhum cristão deveria dar aos incrédulos qualquer base para caluniar Cristo ou Sua Igreja (1:22; I Tim. 3:7). Somos abençoados quando as pessoas nos acusam "falsamente" (Mat. 5:11). A igreja primitiva tinha poder e pureza em sua união com Cristo (Atos 5:12, 13). Temos nós?

Enquanto vivemos entre incrédulos, devemos estar REMINDO A OPORTUNIDADE, que é, salvando-a de perder-se. Há horas quando não é aconselhável falar, há outras que, apesar de fugazes, são perfeitas para testificar para glória de Deus. Não devemos permitir que estas últimas escapem de nós. Esta recomendação de "aproveitar-se" o tempo, veio de um homem na prisão, um que poderia não ter tido mais nenhuma oportunidade. Nunca sabemos quando teremos outra oportunidade de alcançar a mesma pessoa.

Versículo 6. Tendo pedido a eles que orassem por ele para que tivesse oportunidade de testificar (v. 3), Paulo agora fala do testemunho deles diante do mundo. A VOSSA PALAVRA SEJA SEMPRE AGRADÁVEL. Nosso "andar com sabedoria" (v. 5) deve ser bonito e com tacto. Não apenas de vez em quando, ou quando nos sentimos dispostos a isto--não! Devemos sempre ter a mesma prudência--uma que brote normalmente do coração. TEMPERADA COM SAL não significa que devemos esfregar sal nas feridas ocasionadas por observações ferinas. Ao contrário, nossas palavras devem ter a qualidade do sal. Assim como o cozinheiro deve ser cuidadoso na quantidade, assim devemos nós colocar o sal, nem muito pouco, nem demais em nossa conversaçao. Muito pouco é ineficaz e demais causa repulsa. Se bem que somente o Espírito Santo possa nos guiar corretamente neste assunto, seremos julgados por aquilo que dissermos e pelo efeito que as nossas palavras produzirem (Mat. 12:33-37).

PARA QUE SAIBAIS COMO CONVÉM CADA UM RESPONDER AO OUTRO. O propósito da graciosidade e tempero é elevar nossa conversação e torná-la apropriada. Ele diz responder, referindo-se à nossa resposta às perguntas e problemas sobre vida e salvação. Devemos não somente crer, mas saber "o que" cremos e como colocar esse conhecimento em palavras agradáveis e que conquistem. Não somente o clero mas todos os Seus filhos devem estar prontos a dar uma resposta pela esperança que repousa dentro deles (I Pedro 3:15.).

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1 A frase adicional "sobre os filhos da desobediência" deve ser omitida. Foi provavelmente encaixada neste versículo de Ef. 5:6.

2 3:1, 2, 5, 8, 9, 12, 13, 15.